Escritor de origem cubana, Guillermo Cabrera Infante nasceu a 22 de Abril de 1929, em Gibara, Cuba, e faleceu a 22 de Fevereiro de 2005, em Londres, Inglaterra.
Filho de pais directamente ligados à política - fundadores, em Gibera, do Partido Comunista - desde cedo se viu confrontado com um forte ambiente de consciência política. Motivado pela profissão dos pais, Cabrera Infante viu-se forçado a mudar para Havana em 1941.
Em 1959 Cabrera Infante era já bastante conhecido pelas fantásticas críticas de cinema que publicava na revista Carteles e por alguns textos e contos que publicava em revistas como Ciclón. Mas foi, indubitavelmente, em 1964 que ganhou notoriedade ao publicar a sua "obra-prima" Tres Tristes Tigres, publicada depois em Espanha, pela Editora Seix Barral, em 1967 (sendo esta a edição mais conhecida e mais referida).
Cabrera Infante exerceu diversos cargos, dentre os quais se destacam os de Presidente do Conselho Nacional de Cultura, Director de Lunes de la Revolución - suplemento cultural do jornal com o mesmo nome, Director Executivo do Instituto do Filme e Adido Cultural da Embaixada da Bélgica, cargo que exerceu de 1962 a 1965 - data em que abandonou o posto por severas críticas ao regime de Fidel Castro, exilando-se, então, em Inglaterra, país que, a partir daí, adoptou como pátria. Mesmo exilado, Cuba sempre esteve presente na vida de Cabrera Infante: a partir de 1966 (data de exílio em Londres), começou um ataque cerrado ao regime de Fidel Castro; no âmbito da sua produção literária, Havana, cidade de eleição, por ser a capital onde tudo de mais importante se passava, marcou indubitavelmente o mundo anedótico de toda a sua obra. Revelando um espírito extremamente combativo e de feroz consciência crítica, Cabrera Infante jamais desistiu de denunciar as realidades cubanas que pretendia combater. Na maioria das suas produções é fácil reconhecer uma contínua preocupação e um interesse fervoroso por recriar, espelhar a linguagem de Havana: os seus sons, as suas músicas, os barulhos das suas ruas, as conversas do seu povo, sempre num realismo acutilante que revelava ao mundo uma dura realidade que muitos pretendiam esconder. O preço que pagou por tal postura foi ter visto, continuamente, as suas obras serem proibidas em terras cubanas, embora disponíveis em toda a Europa e até mesmo nos Estados Unidos da América - em especial em Miami, onde reside uma vasta colónia de cubanos admiradores deste pensador que, sem medos, denuncia a realidade de Cuba castrista. A comprovar este elevado interesse da obra de Cabreara Infante nestas partes americanas é o facto de ter sido condecorado Doutor Honoris Causa pela Universidade da Flórida (EUA).
Denunciava o regime político da sua primeira pátria mas demonstrava um profundo amor pela terra que o vira nascer: Cuba está marcadamente presente em toda a sua prosa - seja ela em novela, em conto ou em simples ensaios; a paixão desmedida por Havana é facilmente reconhecida na fantástica recriação que faz na linguagem, através de jogos sucessivos que nos levam a "adivinhar" esse objectivo de demonstrar tal sentimento.
O aparecimento em Espanha de Tres Tristes Tigres foi um forte e significativo sinal do que iria ser, e já era, de facto, toda uma linha de produção literária deste autor cubano. A obra referida teve de tal modo impacto no cenário literário, que viu, tempos depois, surgir um convite para adaptação a filme do realizador chileno Patricio Guzman.
Conversação, erotismo, música, humor, cinema, escrita lúdica, fizeram da obra de Cabrera Infante uma autêntica "obra em progresso". Todos os seus títulos, os seus livros, podem e devem ser lidos como um só livro, como uma autêntica ilha, à volta da qual gravitam todos os temas. A essa "ilha" estão ligadas as suas nostalgias, os seus amores, a sua memória, enfim, a sua escrita.
É difícil esta sua tendência para o exílio (em diversos sentidos), para