“Primeiro casa para todos, diziam, depois comida para todos, depois transporte para todos, depois meios de produção para todos. Que as casas devessem ser construídas por empreiteiros privados não lhes importava muito; a verdade haveria de prevalecer no choque dialético entre o individual e o coletivo, entre o egoísmo e o altruísmo, entre o custo das casas e os preços cobrados pelos empreiteiros, entre a boa qualidade apregoada para a argamassa e as fendas que mais cedo ou mais tarde apareceriam nas paredes; fendas enormes, ramificadas em caprichosos desenhos (galhados de cervos, árvores de decisão ou mesmo letras como as que o plano incluía, de acordo com as ideias do socialista francês Louis Blanc, a criação, no setor público da economia, de verdadeiras oficinas sociais auto-administradas em moldes empresariais. O lucro dessas oficinas, em parte seria destinado à assistência médica e à previdência social, e em parte reinvestido. Operários investindo, aí estava a coisa: as armas do capitalismo usadas contra o próprio capitalismo!”
“Falava de Ego, jovem artesão que fabricava lindíssimos bonecos, e dos seres que o atormentavam: Id, anão fescenino e peludo (espécie de curupira); Superego, autoritário e aristocrático patrão. Depois de um dia de estafante trabalho, Ego deitava-se mas não podia dormir: Id vinha do porão e punha-se a dançar em torno ao catre, fazendo caretas obscenas. Ego levantava-se e seguia o anão pelos campos, até o queparecia ser a boca de um buraco de tatu, mas era na realidade a entrada para o fabuloso palácio subterrâneo da Fada Morgana. Nos grandes salões iluminados por tochas bailavam, diante dos olhos maravilhados de Ego, moças loiras e nuas. Estendiam-lhe os braços, mas, quando o rapaz ia se atirar a elas, surgia Superego, com seu fraque, sua cartola, seus lábios finos. A um sinal de sua bengala de castão de prata as bailarinas sumiam. Ele então se punha a zurzir o pobre Ego, repetindo monotonamente, não pecarás, não pecarás. O final era propositadamente otimista, com Ego livrando-se de seus algozes e casando com a Fada Morgana.”
“...he would tell stories about the Holy City, about Solomon, a just king, a poet-king, a monarch with a thousand concubines. We weren't quite sure what concubines were, but we guessed: a concubine ... Concubines! One thousand! One thousand women in all colours and shapes - but all of them sexy, of course - one thousand - one thousand raving beauties lying side by side on a bed (what a bed! How wide it must have been!), all of them smiling, all of them reaching out their arms, all of them saying something in Hebrew - but the meaning was unmistakeable - "Come here, sweety." One thousand women. If one were to spend twenty, or fifteen minutes with each one of them, how long would it take to...? A problem that our math teacher never assigned us for homework...!”