“Miss Whittemore sentia, em criança, que aquelas florinhas do campo eram capazes de atar as pessoas umas às outras, como as letras compões palavras, e imaginou fazer isso pelo mundo todo. Depois foi percebendo que o mundo não acabava nos muros da feitoria, como sempre achara. Então, entrou numa igreja e deixou uma flor no altar: Deus que distribuísse pelos homens.”

Afonso Cruz

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“começou por nos explicar que distinguia muito bem entre a igreja e a fé. achava que a igreja era uma máfia de interesses. o silva da europa interrompia-o e dizia, uns filhos da mãe, a igreja é uma instituição pançuda que se deixou confortavelmente sentada ao lado de salazar. como sempre, dizia anísio, sempre do lado dos opressores porque toda a lógica da igreja é opressora, não conhecem outra linguagem.”

valter hugo mãe
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“Era uma melodia lenta e meio fúnebre. O agudo do som do instrumento penetrou Ana Terra como uma agulha, e ela se sentiu ferida, trespassada. Mas notas graves começaram a sair da flauta e aos poucos Ana foi percebendo a linha da melodia... Reagiu por alguns segundos, procurando não gostar dela, mas lentamente foi se entregando e deixando embalar. Sentiu então uma tristeza enorme, um desejo amolecido de chorar. (...)De repente Ana Terra descobriu que aquela música estava exprimindo a tristeza que lhe vinha nos dias de inverno quando o vento assobiava e as árvores gemiam - nos dias de céu escuro em que, olhando a soledade dos campos, ela procurava dizer à mãe o que sentia no peito, mas não encontrava palavras para tanto. Agora a flauta do índio estava falando por ela...”

Érico Veríssimo
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“Há qualquer coisa de libertador associada à perda de tudo. Primeiro chora-se, depois fica-se atordoado; em seguida enumera-se aquilo que se perdeu e reflecte-se sobre a dureza do futuro, pensando que nunca conseguiremos obter outras coisas como aquelas que desapareceram. Finalmente, depois de tudo isso, sente-se uma estranha leveza. Sem as coisas que sempre tivemos, passamos a ser outra pessoa, qualquer pessoa, ninguém. É uma sensação esquisita, como a de estarmos embriagados, abandonando-nos à embriaguez. (..) De repente senti-me capaz de qualquer coisa, por muito arrojada que fosse.”

Judith Merkle Riley
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“-- Não brinco, não. Digo apenas o que percebi. Os conhecimentos podem ser transmitidos, mas nunca a sabedoria. Podemos achá-la; podemos vivê-la; podemos consentir em que ela nos norteie; podemos fazer milagres através dela. Mas não nos é dado pronunciá-la e ensiná-la. (...) Uma percepção me veio, ó Govinda, que talvez te afigure novamente como uma brincadeira ou uma bobagem. Reza ela: "O oposto de cada verdade é igualmente verdade". Isso significa: uma verdade só poderá ser comunicada e formulada por meio de palavras, quando for unilateral. Ora, unilateral é tudo quanto possamos apanhar pelo pensamento e exprimir pela palavra. Tudo aquilo é apenas um lado das coisas, não passa de parte, carece de totalidade, está incompleto, não tem unidade. Sempre que o augusto Gautama nas suas aulas nos falava do mundo, era preciso que o subdividisse em Sansara e Nirvana, em ilusão e verdade, em sofrimento e redenção. Não se pode proceder de outra forma. Não há outro caminho para quem quiser ensinar. Mas o próprio mundo, o ser que nos rodeia e existe no nosso íntimo, não é nunca unilateral. Nenhuma criatura humana, nenhuma ação é inteiramente Sansara nem inteiramente Nirvana. Homem algum é totalmente santo ou totalmente pecador. Uma vez que facilmente nos equivocamos, temos a impressão de que o tempo seja algo real. Não, Govinda, o tempo não é real, como verifiquei em muitas ocasiões. E se o tempo não é real, não passa tampouco de ilusão aquele lapso que nos parece estender-se entre o mundo e a eternidade, entre o tormento e a bem-aventurança, entre o Bem e o Mal.”

Hermann Hesse
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“... agora sei que o nosso mundo não e mais permanente do que uma onda a erguer-se no oceano. E quaisquer que sejam as nossas lutas e triunfos, como quer que os possamos sofrer, muito rapidamente se dissolvem todos numa aguada, como tinta de pintar no papel”

Arthur Golden
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