“(...)mais que o cinema ou a televisão, os romances permitiam viver coisas para as quais uma vida só não bastava.”
“Fui para os bosques porque queria viver plenamente e sugar o tutano da vida! Para aniquilar tudo o que não era vida. E para, quando morrer, não descobrir que não vivi.”
“(...) aquilo que nos modifica não são os fatos extraordinários que acontecem uma só vez, mas sim esse hábito, essa longa aceitação das coisas contra as quais deixamos de nos revoltar.”
“O Antunes entendia estas coisas todas nas estrelas e sem ser por palavras recebidas no seu pensamento. Havia outros processos para a grande linguagem das estrelas chegar ao seu entendimento sem ser por meio das palavras. Não era só a cabeça, nem só o coração, nem só o coração e a cabeça juntos que se deixavam entrar assim pelas estrelas: era o seu corpo inteiro, ainda mais, a sua vida inteira que recebia as ordens de quem ele nunca havia pensado ser o único que lhas desse. Os astros mandam! E mandam uma coisa para cada um! E esta ordem sereníssima dos astros é uma verdadeira anarquia para a sociedade!”
“as coisas mais importantes são muitas vezes invisíveis para os olhos – só com o coração é que podemos vê-las.”
“E é, em suma, uma forma como outra qualquer de resolver o problema da existência, esta de nos aproximarmos das coisas e das pessoas que de longe nos pareceram belas e misteriosas o suficiente para verificarmos que não têm mistério nem beleza; é uma das higienes entre as quais podemos optar, uma higiene que talvez não seja muito recomendável, mas que nos dá uma certa calma para passarmos a vida, e também para nos resignarmos à morte - pois que permite que não lamentemos nada ao persuadir-nos de que atingimos o melhor, e de que o melhor não era grande coisa.”