“Afinal eu sabia por experiência própria que a vergonha nos força a ter um comportamento esquivo, defensivo, a ocultar e a simular as coisas, inclusivamente a ferir os outros.”
“E tudo porque eu fora demasiado tolo para ver que aquele que caminha sem saber por entre os segredos de um homem pode mesmo assim ter outros segredos seus.”
“Não há sentido mais amplo do que o que realiza a personalidade, consumando a liberdade. Tudo o que eu escrevo se destina a interessar as pessoas na sua própria entidade. Daí, muitas vezes, ela ter um efeito devastador, a obra e a pessoa que a produz. Sobretudo a pessoa, devo dizer. Eu desmarco os outros da rotina, espanto a manada. Depois os efeitos são maravilhosos, combinam com a imortalidade.”
“Como eu posso ter vergonha de ser uma coisa que eu não tenho como não sê-la? Como eu posso ter orgulho?! Sai pra lá, Exu.”
“Eu, por exemplo, bem acho que deus pode existir. Não vejo irracionalidade ou improbabilidade alguma em o big bang ter sido acionado por uma mão divina ou que uma mão divina tenha criado as espécies animais e os planetas, etc. A grande questão é outra: por que deveria eu viver de forma diferente só porque o universo foi criado por um ser divino e não por forças cósmicas aleatórias?”
“Eu quisera concluir que as mais belas página de Jung, ou também as páginas mais belas de cada pessoa que consegue exprimir a própria criatividade, decorrem sempre de uma experiência de sedução, que coincida com a tomada de consciência do próprio mundo interior. Um doloroso caminho que nos impele à loucura, mas ninguém teria dúvida em escolher, entre a inocência e a possibilidade de ser encantado por outro.”