“Para ser honesto era muito raro ferver, mas gostava do som da expressão "fervoroso pagão" e creio que seria um nome fantástico para uma banda de rock cristã.”
“O motorista fez uma curva fechada à esquerda, saiu da pista e entrou numa estradinha de terra, no meio de algumas árvores, parando em seguida. Ele nos jogou para fora do carro e ordenou que o seguíssemos. Obedecemos. Tínhamos uma arma apontada para nosso rosto. Não era a casa de papai, era o fim da linha. Aguardava-me uma morte súbita, violenta, matinal - no dia em que pisei na terra dos meus antepassados. Uma morte não de todo dessemelhante à que eu provocara, não fazia muito tempo. Seria justo, certo? Um carma honesto e quase instantâneo. Eu me perguntava se sairíamos nos jornais ingleses, se minha mãe forneceria fotos nossas.”
“Universo interior!Eram grandes palavras, essas, e Jaromil ouviu-as com uma extrema satisfação. Nunca se esquecia de que coma idade de cinco anos era já considerado como uma criança excepcional, diferente das outras; o comportamento dos seus colegas de turma, que troçavam da pasta ou da camisa dele, confirmara-o, do mesmo modo (por vezes, duramente), na sua singularidade. Mas, até aqui, essa singularidade não fora para ele mais do que uma noção vazia e incerta; era uma esperança incompreensível ou uma incompreensível rejeição; mas agora, acabava de receber um nome: era um universo interior original; (...)o que lhe sugeria a ideia confusa de que a originalidade do seu universo interior não era o resultado de um esforço laborioso mas se exprimia por meio de tudo o que passava fortuitamente e maquinalmente pela sua cabeça; que lhe era dada, como um dom.”
“Se eu pudesse trincar a terra toda E sentir-lhe uma paladar, Seria mais feliz um momento ... Mas eu nem sempre quero ser feliz. É preciso ser de vez em quando infeliz Para se poder ser natural...”
“- Um dia, um marciano sábio vem à terra para ensinar umas coisinhas às pessoas - começo.- Um marciano? De que tamanho?-Oh, mais ou menos um metro e noventa.-Como é que se chama?- Marciano Luther King.(...)- Era um marciano muito simpatico, o senhor King. Era parecido connosco, nariz, boca, cabelo na cabeça, mas algumas pessoas olhavam para ele de maneira estranha e, bem às vezes acho que as pessoas eram mesmo más.(...)- Porquê Aibee? Porque eram maus para ele?- Porque ele era verde.”
“Os meus olhos deviam ter a mesma expressão nos últimos anos, mas nunca notei. Bem que me olhava no espelho para ver que cara a pessoa tem quando sofre muito, mas era sempre o meu rosto. Cada vez mais achava que devia ter mudado muito, não se podia ser a mesma depois de tanta coisa, de tanta dor. Contudo, era eu.”