“(...) também tem assim um jeito de mexer nos brinquinhos de botão de prata enquanto fala, que é indicativo de uma atracção subconsciente em relação a mim, ou de um furo ligeiramente infectado.”
“Uma névoa de melancolia me permeia enquanto um silêncio sísmico pulsa em mim emitindo maremotos de choque anafilático.”
“O meu gosto, que é provavelmente a antítese de um gosto tolerante, está longe de o poder aprovar na totalidade: em geral, aprovar não está nos meus hábitos, prefiro contradizer ou até não dizer absolutamente nada... É o que eu faço em relação a culturas inteiras, em relação a livros,- e também a cidades e paisagens.”
“Ainda lembrei de suas palavras amadurecendo uma esperança para mim quando eu de tudo descria:-Não vê os rios que nunca enchem o mar? A vida de cada um também é assim: está sempre toda por viver.”
“Uma relação de duas pessoas converteu-se numa de três, numa coisa mais triangular. Só uma relação que consegue formar um polígono consegue sobreviver, pensava Borja. Quando assenta em dois pontos, não resiste ao tempo, é um segmento de recta muito frágil. É um pontinho a olhar para outro pontinho, não tem a solidez do triângulo e, muito menos, da circunferência. Parte-se como um palito.”
“O gato de Schröndinger é preso numa caixa com um mecanismo de morte acionado por um evento de mecânica quântica. Antes de abrirmos a tampa da caixa, não sabemos se o gato está vivo ou morto. O bom senso diz que, de qualquer jeito , o gato tem de estar ou vivo ou morto dentro da caixa. A interpretação de Copenhague contradiz o bom senso: tudo que existe antes de abrirmos a caixa é uma probabilidade. Assim que abrimos a caixa, a função de onda colapsa e ficamos com um evento isolado: o gato está morto ou o gato está vivo. Até que abramos a caixa, ele não estava nem morto nem vivo.”