“Odonato já não tinha força para desenhar nos lábios um gesto mínimo de espanto ou o que fosse um vulgar sorriso, a temperatura chegava-lhe à alma, os olhos ardiam por dentrochorar afinal não tinha que ver com lágrimas, antes era o metamorfosear de movimentos internos, a alma tinha paredes - texturas porosas que vozes e memórias podiam alterar”
“Afirmava que tinha 'um sistema'. No mais, um espertalhão. Um filósofo. Existe gente assim.”
“Platão, perplexo diante da beleza, inventou um mito: imagine que, antes de nascer, a alma habitava um mundo encantado onde moravam todas as coisas belas do universo. A alma as contemplou, sentiu-se feliz, e alma e beleza se abraçaram, para sempre. Mas aí, quando nascemos neste mundo, a alma esquece de tudo. E ela fica toda cheia de buracos -- como um queijo suíço! --, em cada buraco mora a presença de uma ausência. A alma é o lugar onde as ausências estão presentes. E essas belezas ausentes se fazem sentir como uma tristeza inexplicável, uma saudade pura, sem objeto, uma vontade de chorar. Isso acontece frequentemente na hora do pôr-do-sol. Borger cita Browning: "Quando nos sentimos mais seguros então acontece algo: um pôr-do-sol, e outra vez estamos perdidos". O pôr-do-sol é um emissário do mundo encantado.”
“Um homem armado com a palavra certa pode fazer o que um exército de espadachins não pode.”
“E agora tinha a certeza de uma coisa vislumbrada ao princípio (...) que não há dois livros iguais porque nunca houve dois leitores iguais. E que cada livro lido é, como cada ser humano, um livro singular, uma história única e um mundo à parte.”