“Filosofias, ideias, glórias profanas, gerações e impérios passam: são como os suspiros efêmeros do esforço humano: só ela permanece e permanecerá, a cruz - esperança dos homens, confiança dos desesperados, amparo dos frágeis, asilo dos vencidos, força maior da humanidade.”
“A mulher não tem forças para acompanhar o homem além dos limites normais traçados à espécie. E o gênio é o herói infeliz, que leva para a esfera dos arcanjos, onde deve conviver, os desejos e os instintos humanos, que os arcanjos, seus irmãos, não conhecem. Do alto, fica, pois, a acenar à sua companheira, mas ela não o compreende e não pode amá-lo. Sente por ele a revolta da própria inferioridade. E eis por que são infelizes no amor todos os gênios e todos os heróis.”
“Os nossos filhos e os seus filhos e todas as gerações vindouras têm de ser fortes. Têm de ser educados de molde a terem orgulho dos seus próprios feitos e do seu próprio trabalho árduo; não devem ser educados para descansarem sobre os louros dos pais.”
“...faziam parte da mesma classe social, a dos bem-nascidos, criados em berço de ouro, das viaturas motorizadas, dos lambris e das baixelas. Para lá dos factos e das simpatias, mais alto do que as leis ditadas pelos homens, está esta conivência e esta troca de galhardetes: “Não te metas comigo que eu pagar-te-ei na mesma moeda.” Quem pensar que um dos seus pode ser um assassino, está a admitir que ele próprio o pode ser. É confessar perante toda a gente que aqueles que falam com trejeitos de boca e nos olham do alto, como se fôssemos excrementos de galinha, que têm uma alma torpe como os outros homens, são de facto como todos os homens. E isso talvez seja o fim do mundo, o fim do seu mundo. É portanto insuportável.”
“(...) não custa atribuir a obstinada melancolia dos portugueses ao uso desregrado da palavra saudade, no fado, na poesia, no discurso dos filósofos e dos políticos. Seria interessante estudar o quanto o culto à saudade contrariou, vem contrariando, o esforço para desenvolver Portugal. Já a famosa arrogância e optimismo dos angolanos poderia dever-se à insistência em termos como bué («Angola kuia bué!»), futuro, esperança ou vitória. No que respeita à alegria dos brasileiros, poderíamos talvez imputá-la a duas ou três palavras fortes que acompanham desde há muito a construção e o crescimento do país: mulato/mulata, bunda, carnaval.”
“Os poetas serão! Quando for abolida a servidão infinita da mulher, quando ela viver para ela e por ela, tendo-lhe o homem dado baixa – até agora abominável -, ela também será poeta! A mulher encontrará o desconhecido! Divergirão dos nossos os seus mundos de ideias? Ela descobrirá coisas estranhas, insondáveis, repugnantes, deliciosas, tomá-las-emos e compreenderemos”