“A infância não vai do nascimento até certa idade,e a certa altura a criança está crescida,deixando de lado as coisas de criança.A infância é o reino onde ninguém morre.”
“Internet, jogos de video, computadores, são úteis, mas tâm destruído algo inviolável: a infância. Onde está o prazer do silência? Onde está a arte da observação? Onde está a inocência? Angustia-me que o sistema esteja a gerar crianças insatisfeitas e ansiosas. Fortes candidatas a serem doentes psiquiátricos e não seres humanos felizes e livres.”
“Vais encontrar muita gente pela vida fora que diz as palavras certas na altura certa. Mas, ao fim e ao cabo, é pelas suas acções que os deves julgar. São as acções e não as palavras que contam.”
“Uma criança recém-nascida, julga-se infinita. Não sabe onde é que acaba, onde é que tem os seus limites. Depois, descobre os pés e fica fascinada. É um bebé que se depara com os seus limites: Ah, é então aqui que finda o meu corpo. E, aos poucos, o mundo vai-se tornando maior, porque a criança se vai tornando mais pequena: antes era tudo e agora não vá além dos pés. Vai-se contraindo. O ego vai-se arrepiando num pontinho e deixando espaço para que as coisas possam existir à sua volta. Surge o Eu e o Tu. A criança cria essa distância, e o melhor que se pode esperar é que essa distância mantenha alguma proximidade. Mas tudo isto faz parte do crescimento, tal como faz parte do encolhimento e da expansão do universo.”
“O processo de identificação é infantil, mas não é inteiramente ingênuo, porque não pode ocupar toda a minha mente. Enquanto parte de minha mente está criando gente de ficção, falando e agindo como meus heróis e em geral tentando se colocar na pele de outra pessoa, outra parte está cuidadosamente avaliando o romance como um todo - supervisionando a composição, imaginando como o leitor vai ler, interpretando a narrativa e os atores e tentando prever o efeito de minhas frases. Todos esses cálculos sutis, envolvendo o aspecto planejado do romance e o lado sentimental-reflexivo do romancista, revelam uma auto consciênciaque está em direto contraste com a ingenuidade da infância. Quanto mais o romancista consegue ser, ao mesmo tempo, ingênuo e sentimental, melhor ele escreve.”
“Onde começam e acabam os olhos de um morto, ninguém sabe. Morrer é virar Deus, olhos e ouvidos multiplicados em tudo o que é coisa e lugar, de tudo sabedor.”