“Passa uma borboleta por diante de mim E pela primeira vez no Universo eu reparo Que as borboletas não têm cor nem movimento, Assim como as flores não têm perfume nem cor. A cor é que tem cor nas asas da borboleta, No movimento da borboleta o movimento é que se move, O perfume é que tem perfume no perfume da flor. A borboleta é apenas borboleta E a flor é apenas flor.”
“Uma flor acaso tem beleza? Tem beleza acaso um fruto? Não: têm cor e forma E existência apenas.”
“O livro que espalma a flor nas suas págimas transforma-a em borboleta.”
“O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você.”
“(...) Acho que foi quando percebi o que era a vergonha e também qual era a sua cor. A vergonha não é preta, como a sujidade, como eu sempre pensei que era. A vergonha é da cor de uma farda branca, nova, que a tua mãe engomou toda a noite para poder pagar, ainda branca, sem uma nódoa ou uma pinta de sujidade de trabalho.”
“Onde é que dói na minha vida,para que eu me sinta tão mal?quem foi que me deixou feridade ferimento tão mortal?Eu parei diante da paisagem:e levava uma flor na mão.Eu parei diante da paisagemprocurando um nome de imagempara dar à minha canção.Nunca existiu sonho tão purocomo o da minha timidez.Nunca existiu sonho tão puro,nem também destino tão durocomo o que para mim se fez.Estou caída num vale aberto,entre serras que não têm fim.Estou caída num vale aberto:nunca ninguém passará perto,nem terá notícias de mim.Eu sinto que não tarda a morte,e só há por mim esta flor;eu sinto que não tarda a mortee não sei como é que suportetanta solidão sem pavor.E sofro mais ouvindo um rioque ao longe canta pelo chão,que deve ser límpido e frio,mas sem dó nem recordação,como a voz cujo murmúriomorrerá com o meu coração...”