“— Kafka era um terrorista. Incentivar todas as situações terroristas, estabelecer o pânico, lançar o terror. — E a solução? — perguntou Mauro. — A solução é a conduta católica — respondeu o amanuense Belmiro. — A solução é o próprio problema, sabe como é? Não há solução. Imagino a seguinte cena: um congresso de sábios, os mais sábios do mundo, que se reuniram para resolver o problema dos problemas, o problema transcendental, oProblema, tout-court. — O problema o quê?— Tout-court. Vá à merda.— Ah, tout-court. Merci.— Pois bem: estão reunidos, os sábios, a postos para começar a trabalhar, encontrar a solução do problema, e o Presidente do Congresso dá por iniciada a sessão, anunciando que vai, enfim, dizer qual é o Problema que os reuniu. Faz uma pausa, e declara solenemente: “Meus senhores! O problema é o seguinte: Não há problema!” — E daí? — Daí os sábios terem de resolver o problema da inexistência do problema. É o terror.”

Fernando Sabino

Fernando Sabino - “— Kafka era um terrorista. Incentivar...” 1

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“O problema não é um Deus que não existe, mas a religião que O proclama!”

José Saramago
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“E por isso acreditava também na grande responsabilidade do livre-arbítrio. Se não houvesse livre-arbítrio, o homem não seria nada, não poderia aspirar a nenhuma dignidade, pois que não teria responsabilidade de que, se queremos que o mundo melhore, devemos fazer por onde ele melhore, já que o mundo é nosso, é do homem e a ele foi dado. Não se pode querer que Deus resolva os problemas do homem, porque, se o fizesse, retiraria do homem a responsabilidade e, por consequência, o livre-arbítrio.”

Joao Ubaldo Ribeiro
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“I- A Primeira Etapa da Leitura Analítica: Regras para Descobrir de que se Trata um Livro1. Classifique o livro de acordo com o tipo e o assunto2. Diga de que se trata todo o livro com a máxima concisão.3. Enumere as partes principais por ordem e segundo a relação que guardam entre si, e delineie essas partes da mesma forma que você delineou o todo.4. Defina o problema ou os problemas que o autor tentou resolver.II- A Segunda Etapa da Leitura Analítica: Regras para interpretar o Conteúdo de um Livro5. Assimile os termos do autor interpretando-lhe as palavras-chave.6. Aprenda as principais porposições do autor examinando-lhe os períodos mais importantes.7. Conheça os argumentos do autor, descobrindo-os nas sequências dos períodos ou construindo-os à base dessas sequências.8. Determine quais os problemas que o autor resolveu e quais os que não resolveu; e dentre estes, indique quais os que o autor sabia que não conseguiria resolver.III- A Terceira Etapa da Leitura Analítica: Regras para Criticar um Livro encarado sob o prisma da Comunicação de ConhecimentosA- Preceitos Gerais da Etiqueta Intelectual9. Não comece a crítica enquanto não completar o delineamentoe a interpretação do livro. (Não diga que concorda, discorda ou suspende o julgamento enquanto não puder dizer “Entendo”.)10. Não faça da discordância disputa ou querela.11. Demonstre que reconhece a diferença entre conhecimento e mera opinião pessoal apresentando boas razões para qualquer julgamento crítico que venha a fazer.B- Critérios Especiais para Tópicos de Crítica12. Mostre em que ponto o autor está desinformado.13. Mostre em que ponto o autor está mal informado.14. Mostre em que ponto o autor é ilógico 15. Mostre em que ponto a análise ou explanação do autor é incompleta.”

Mortimer Jerome Adler
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“Sabe qual é o problema? Encontramo-nos na última de três gerações que a História tem o capricho de repetir de quando em quando. A primeira precisa de um Deus, e inventa-o. A segunda ergue templos a esse Deus e tenta imitá-lo. E a terceira utiliza o mármore desses templos para construir prostíbulos onde adorar a sua própria cobiça, a sua luxúria e a sua baixeza. E é assim que aos deuses e aos heróis sucedem sempre, inevitavelmente, os medíocres, os cobardes e os imbecis.”

Arturo Pérez-Reverte
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“— Me lembrei de uma coisa inventada por Salvador Dalí — A Coisa era um pão. Sairia no jornal com manchete assim: “O Inevitável Aconteceu — A Descoberta do Pão”. Um pão monumental, exatamente igual a um pão-francês comum. A diferença estaria no tamanho: mediria dois metros de comprimento. O pão era encontrado na rua, levariam para a polícia. Estará envenenado? Conterá explosivo? Propaganda política? Os comunistas, o pão-para-todos? Anúncio de padaria? Os jornais comentavam e discutiam o que fazer do pão. Era só o assunto ir esfriando, e um pão maior ainda, de cinco metros, amanhecia atravessado no Viaduto. Toda a cidade empolgada com o mistério, a polícia desorientada, o pão analisado nos laboratórios. E continuava o problema: que fazer com ele? Para despistar, um de nós escrevia um artigo sugerindo que fosse cortado em milhares de pedaços e doado à Casa do Pequeno Jornaleiro. No Rio, em São Paulo, Recife, Porto Alegre começavam a aparecer pães, cada vez maiores, nos lugares públicos. Eram os membros de uma sociedade secreta já fun- dada, a Sociedade do Pão, que começavam a trabalhar. E um dia surgiria outro pão gigantesco em Roma, outro em Londres, outro em Nova Iorque. A humanidade deixaria de se preocupar com seus problemas, as guerras seriam esquecidas, até que resolvessem o mistério do pão. Era a vitória pelo Terror. — Você já pensou no tamanho do forno para assar esse pão? — Isso não é problema para nós: a idéia é de Salvador Dali, que, aliás, é um vigarista.— É uma besta.— Falso terrorista.— Abaixo Dali”

Fernando Sabino
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