“Em noite de Lua cheia eu interfiro nas novelas.”

“Ao toque adormecido da morfinaPerco-me em transparências latejantesE numa noite cheia de brilhantes,Ergue-se a lua como a minha Sina.”

“Pudesse eu ser a lua, a lua terna,E faria que a noite fosse eterna”

“Eu me implantei na tua massa cinzenta, me enraizei nas tuas terminações neurais; eu me enxertei em cada figmento de ti.”

“sabe, Hillé, às vezes penso que fomos pai e filha, mãe e filho, irmão irmã, que houve lutas e nós, e fios de sangue, que eu tinha fome de ti, que eu te matei, que saía de tuas narinas um cheiro de noite dor incesto e violência, que eras velha e moça e menina, que uns guizos em mim se batiam estridentes cada vez que eu te olhava, que havias sido minha desde sempre, barro e vasilha, espelho e amplidão, infinitas vezes nós dois em flashes nítidos rapidíssimos, recortados em ouro, em negro, numa lua esvaída sombra e sépia, nós dois muito claros num parapeito de pedra cor de terra”

“...é como tentar agarrar a Lua, quando penso que a vou apanhar, ela desaparece no horizonte. Fico desgostosa e tento seguir em frente, mas depois a malvada regressa na noite seguinte, dando-me de novo esperança de a conseguir agarrar.”