“Escorro pela tua pele movediça vislumbrando miragens onde me perco a peregrinar pelas tuas trevas travessas.”
“Ponho um punhado de atenção nessa tua vida clonada pelo mimetismo, escravizada pelas instituições.”
“A tua voz indigna ecoa pela minha catedral cerebral incessantemente até eu conseguir diluí-la na escuridão.”
“Escoltado por olhos de nada amigos, pela tua presença impressa na minha eu prossigo em passos firmes e decididos.”
“Ungido com breu pela escuridão eu atravessei a própria treva viva.”
“- Minha filha, vens da água e a água fala. Vens do tempo e estarás no tempo e a tua palavra estará no vento e será espalhada pela terra. A tua palavra será o fogo que transforma todas as coisas. A tua palavra estará na água be será espelho da língua. A tua palavra terá olhos e verá, terá ouvidos e ouvirá, terá tacto para mentir com a verdade e dirá verdades que parecerão mentiras. E com a tua palavra poderás regressar à quietude, ao princípio onde nada é, onde nada está, onde tudo o que foi criado regressa ao silêncio, mas a tua palavra despertá-lo-á e terás de nomear os deuses e terás de dar vozes às árvores e farás com que a natureza tenha língua e falará por ti o que é invisível. E a tua língua será palavra de luz e a tua palavra, pincel de flores, palavra de cores que, com a tua voz, pintará novos códices.”