“Esqueci de despistar o desaforo: ele me seguiu até dentro de casa, com olhos redondos, com seu focinho protuberante puxa a barra da minha calça, cutuca meu joelho e amarrota meu sossego.”

Filipe Russo

Filipe Russo - “Esqueci de despistar o desaforo: ele me...” 1

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“O tempo faz com que deixe de haver diferenças entre a verdade e a mentira. Aquilo que aconteceu mistura-se com aquilo que eu quero que tenha acontecido e com aquilo que me contaram que aconteceu. A minha memória não é minha. A minha memória sou eu distorcido pelo tempo e misturado comigo próprio: com o meu medo, com a minha culpa, com o meu arrependimento.”

José Luis Peixoto
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“Extermino minha vaidade com meu orgulho evitando a vitória de elogios e adulações.”

Filipe Russo
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“Na margem do rio Piedra... Eu me sentei e chorei.Conta a lenda que tudo que cai nas águas deste rio - as folhas, os insetos, as penas das aves - se transforma nas pedras do seu leito.Ah, quem dera eu pudesse arrancar o coração do meu peito e atira-lo na correnteza, e então não haveria mais dor, nem saudade, nem lembranças.Ás margens do rio Piedra eu me sentei e chorei.O frio do inverno fez com que eu sentisse as lágrimas em meu rosto, e elas se misturaram com as aguas geladas que correm diante de mim.Em algum lugar este rio se junta com outro, depois com outro, até que - distante dos meus olhos e do meu coração - todas estas águas se misturam com o mar.Que as minhas lágrimas corram assim para bem longe, para que meu amor nunca saiba que um dia chorei por ele. Que minhas lágrimas corram para bem longe, e então eu esquecerei do rio Piedra, do mosteiro, da igreja nos Pirineus, da bruma, dos caminhos que percorremos juntos.Eu esquecerei as estradas, as montanhas, e os campos de meus sonhos - sonhos que eram meus, e que eu não conhecia.”

Paulo Coelho
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“Parem todos os relógios, desliguem o telefone,Evitem o latido do cachorro com seu osso suculento,Silenciem os pianos e com tambores lentosTragam o caixão, deixem que o luto chore.Deixem que os aviões voem em círculos altosRiscando no céu a mensagem: Ele Está Morto,Ponham gravatas beges no pescoço dos pombos brancos do chão,Deixem que os guardas de trânsito usem luvas pretas de algodão.Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste,Minha semana útil e meu domingo inerte,Meu meio-dia, minha meia-noite, minha canção, minha fala,Achei que o amor fosse para sempre: Eu estava errado.As estrelas não são necessárias: retirem cada uma delas;Empacotem a lua e façam o sol desmanchar;Esvaziem o oceano e varram as florestas;Pois nada no momento pode algum bem causar.”

W.H. Auden
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“Foi ele, esse iluminado de olhos cintilantes e cabelos desgrenhados, que um dia saltou dentro de mim e gritou basta! Num momento em que meu ser civilizado, bem penteado, bem vestido e ponderado dizia sim a uma injustiça. Foi ele quem amou a mulher e a colocou num pedestal e lhe ofertou uma flor. Foi ele quem sofreu quando jovem a emoção de um desencanto, e chorou quando menino a perda de um brinquedo, debatendo-se na camisa-de-força com que tolhiam o seu protesto. Este ser engasgado, contido, subjugado pela ordem iníqua dos racionais é o verdadeiro fulcro da minha verdadeira natureza, o cerne da minha condição de homem, herói e pobre-diabo, paria, negro, judeu, índio, santo, poeta, mendigo e débil mental. Viramundo! Que um dia há de rebelar-se dentro de mim, enfim liberto, poderoso na sua fragilidade, terrível na pureza de sua loucura.”

Fernando Sabino
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