“Estúpidos demais para se revoltar os medíocres se aconchegam um pouco mais nos cobertores penitenciários.”
“E depois percebi. Afinal, não se tratava de uma espécie nova. Ambos pertenciam a um único tipo de gafanhoto. Aqueles que nasciam um pouco mais amarelados viviam até mais tarde durante a estação seca; os esverdeados, aqueles que os pássaros apanhavam, não duravam o suficiente para se tornarem grandes. Os mais amarelados sobreviviam porque estavam mais adequados a suportar um clima tórrido. Charles Darwin tinha razão. A evidência estava mesmo à minha frente.”
“Me atormento mais um pouco, por que não? Os acontecimentos se fixam a mim almejando a eternidade, as lembranças rodopiam na mente feito um turbilhão de cores aleatórias.”
“Apenas se deviam ler os livros que nos picam e que nos mordem. Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para quê lê-lo?”
“Morrer é quando há um espaço a mais na mesa afastando as cadeiras para disfarçar, percebe-se o desconforto da ausência porque o quadro mais à esquerda e o aparador mais longe, sobretudo o quadro mais à esquerda e o buraco do primeiro prego, em que a moldura não se fixou, à vista, fala-se de maneira diferente esperando uma voz que não chega, come-se de maneira diferente, deixando uma porção na travessa de que ninguém se serve, os cotovelos vizinhos deixam de impedir os nossos e faz-nos falta que impeçam os nossos”
“Como se pode esperar que nos comportemos adequadamente, escolhamos as decisões correctas e demos as respostas certas, se nunca há tempo para ensaios e os dias se vão empurrando uns aos outros numa sucessão vertiginosa, sem um momento sequer para descanso da companhia?”