“Me atormento mais um pouco, por que não? Os acontecimentos se fixam a mim almejando a eternidade, as lembranças rodopiam na mente feito um turbilhão de cores aleatórias.”
“Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”
“E depois percebi. Afinal, não se tratava de uma espécie nova. Ambos pertenciam a um único tipo de gafanhoto. Aqueles que nasciam um pouco mais amarelados viviam até mais tarde durante a estação seca; os esverdeados, aqueles que os pássaros apanhavam, não duravam o suficiente para se tornarem grandes. Os mais amarelados sobreviviam porque estavam mais adequados a suportar um clima tórrido. Charles Darwin tinha razão. A evidência estava mesmo à minha frente.”
“Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias. (A hora da estrela)”
“Contudo, o mais corajoso dentre nós tem medo de si mesmo. A mutilação do selvagem tem a sua trágica sobrevivência na própria renúncia que corrompe as nossas vidas. Somos todos castigados por nossas renúncias. Cada impulso que tentamos aniquilar germina em nossa mente e nos envenena. Pecando, o corpo se liberta de seu pecado, porque a ação é um meio de purificação. Nada resta então a não ser a lembrança de um prazer ou a volúpia de um remorso. O único meio de livrar-se de uma tentação é ceder a ela. Se lhe resistirmos, as nossas almas ficarão doentes, desejando as coisas que se proibiram a si mesmas, e, além disso, sentirão desejo por aquilo que umas leis monstruosas fizeram monstruoso e ilegal. Já se disse que os grandes acontecimentos têm lugar no cérebro. É no cérebro e somente nele que têm tambem lugar os grandes pecados do mundo.”
“Se o candidato for um cavalheiro, saberá o suficiente, e se não for um cavalheiro, por mais que saiba de nada lhe valerá.”