“O abandono me amargurou necrosando meu cotidiano de sentimentos, outrora, até mesmo doces.”
“Esqueci de despistar o desaforo: ele me seguiu até dentro de casa, com olhos redondos, com seu focinho protuberante puxa a barra da minha calça, cutuca meu joelho e amarrota meu sossego.”
“Até mesmo hoje, vários anos depois, partes de mim ainda se desmancham sobre o reverberar daquela dor.”
“Meu pai sonha com minha formatura, pois saiba, papai, eu nunca vou terminar de me formar mesmo após o esfarelamento final.”
“A luz dos meus olhos se foi, saltitando de poça em poça até o meu fosso mais sombrio.”
“Até o tédio eu edito ao meu bel-prazer.”
“Mas mesmo assim escrevo cartas de amor, grito pedidos de socorro, envio para o espaço sideral meu desespero humano na esperança de chegar aos ouvidos e mãos de quem me entenda.”