“Onde você escondeu todos os dias que desperdiçamos juntos?”
“Onde terá ficado aquela criança que apenas conhece da fotografia e cuja memória há muito se perdeu na sedimentação dos dias? Não se recorda quando se separaram. Quando um deixou de ser o outro. Onde está nele aquela criança? O homem que é hoje é o resultado de todos os dias daquela criança? E se os dias tivessem sido outros, seria outro homem? Se ele pudesse apagar alguns dias, seriam todos os outros suficientes para para ele ser quem hoje é? Apagar alguns dias. Apagar um dia, que fosse aquele dia. Será o homem apenas o conjunto das suas memórias ou será antes a soma de todos os seus esquecimentos?”
“Queridas mulheres, vocês honram muito mais a espécie humana do que os homens. Eles falharam historicamente em liderá-la. Se vocês dominassem o mundo, a humanidade seria mais feliz. Se as mulheres fossem generais, não haveria guerras, pois vocês não teriam coragem de enviar seus filhos para os campos de batalha. Mas os homens, por muito pouco, os enviam. Por isso, de coração, em nome de todos os homens lúcidos desta Terra, eu gostaria de pedir desculpas por todos os males que fizemos a vocês ao longo da história. Obrigado por vocês serem mulheres.”
“- Você nasceu em dia-de-sexta com os pés no sábado: quando está alegre por dentro é que está triste por fora...”
“oh, a medonha coragem dos que vão arrancando de si, dia a dia, a doçura da saudade do que passou, o encanto novo da esperança do que há-de vir, e que serenamente, desdenhosamente, sem saudades nem esperanças, partem um dia sem saber para onde, aventureiros da morte, emigrantes sem eira nem beira, audaciosos esquadrinhadores de abismos mais negros e mais misteriosos que todos os abismos escancarados do mundo”
“-Para onde é que vai o Kurika quando morrer, perguntou-me certo dia a minha filha, depois de um dos ataques do cão.-Para onde vamos todos nós.-Mas para onde?-Talvez o Kurika saiba. Eu não”