“É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso a torna mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos lendo não nos desperta como um soco no crânio, por que perder tempo lendo-o? Para que ele nos torne felizes, como você diz? Oh Deus, nós seríamos felizes do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem felizes poderíamos escrever nós mesmos num piscar de olhos. Precisamos de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para longe de qualquer presença humana – como um suicídio. Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós”
In this quote by Franz Kafka, the author expresses the idea that it is beneficial for our consciousness to experience deep wounds, as it makes us more sensitive to stimuli. Kafka argues that we should only read books that wound us, that afflict us. He suggests that if a book does not hit us like a punch to the head, then it is not worth reading. Kafka believes that books should be like axes that break the frozen sea within us, causing deep emotional turmoil and forcing us to confront the most painful aspects of life. This quote emphasizes the transformative power of literature to shake us out of our complacency and push us to confront the raw realities of existence.
In today's fast-paced world, where we are constantly bombarded with information and distractions, Franz Kafka's words on the power of literature to deeply affect our consciousness resonate more than ever. In an age where instant gratification is often prioritized, Kafka's belief in the importance of reading books that challenge and disturb us serves as a reminder of the transformative potential of literature. As we navigate the complexities of the modern world, Kafka's call for books that act as a "machado para o mar congelado que há dentro de nós" encourages us to seek out literature that forces us to confront uncomfortable truths and expand our understanding of ourselves and the world around us.
Neste trecho, Franz Kafka explora a ideia de que a literatura deve nos causar ferimentos profundos para que nossa consciência se torne mais sensível e desperta. Ele argumenta que devemos buscar livros que nos afetem visceralmente, que nos confrontem com as verdades mais duras e nos forcem a enfrentar nossas próprias angústias. Kafka acredita que apenas através do confronto com o sofrimento e a dor podemos verdadeiramente crescer e nos tornar mais conscientes de nós mesmos.
Reflecting on this quote by Franz Kafka, consider the following questions: - How do you interpret the idea of reading books that "wound" or "afflict" our consciousness? Do you agree with Kafka's perspective on the value of such books? - In what ways do books that challenge us or push us out of our comfort zone contribute to our personal growth and development? - Can you recall a specific book or reading experience that has left a lasting impact on you, similar to the intensity described by Kafka? How did it change your perspective or emotions? - Do you believe that literature has the power to evoke profound emotions and provoke deep introspection in a way that other forms of media or art cannot? Why or why not? - How might Kafka's metaphor of a book as a "axe for the frozen sea within us" apply to your own experiences with reading and self-discovery?
“Precisamos de livros que nos afetam como um desastre, que nos magoam profundamente, como a morte de alguém que amamos mais do que a nós mesmos. ”
“Apenas se deviam ler os livros que nos picam e que nos mordem. Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para quê lê-lo?”
“Um livro deve ser o machado para o mar congelado dentro de nós.”
“mesmos o que nossa inteligência rejeitara, por julgá-lo a última reserva do passado, a melhor, aquela que, quando todas as nossas lágrimas parecem ter secado, sabe nos fazer chorar ainda. Fora de nós? Erre para melhor dizer, mas escondida a nossos próprios olhares, num esquecimento mais ou menos prolongado. É somente graças a tal esquecimento que pode de vez em quando, reencontrar o ser que já fomos, colocar-nos face a face àquela como o era essa criatura, sofrer de novo, porque não somos mais nós mas ele, e é quem amava a pessoa que agora nos é indiferente.”
“Estamos convencidos de que anda por aí, algures, a nossa alma gémea, ou mesmo mais do que isso - uma imagem de nós próprios, quase sobreponível, como um sapato da Cinderela, pronto a escorregar-nos para o pé, porque andou perdido mas foi sempre nosso”
“Em suma, é preciso confessar que existem dois tipos de leitura: a leitura em animus e a leitura em anima. Não sou o mesmo homem quando leio um livro de idéias, em que o animus deve ficar vigilante, pronto para a crítica, pronto para a réplica, ou um livro de poeta, em que as imagens devem ser recebidas numa espécie de acolhimento transcendental dos dons. Ah, para fazer eco a esse dom absoluto que é uma imagem de poeta seria necessário que nossa anima pudesse escrever um hino de agradecimento! O animus lê pouco; a anima, muito.Não é raro o meu animus repreender-me por ler demais.Ler, ler sempre, melíflua paixão da anima. Mas quando, depois de haver lido tudo, entregamo-nos à tarefa, com devaneios, de fazer um livro, o esforço cabe ao animus. E sempre um duro mister, esse de escrever um livro. Somos sempre tentados a limitar-nos a sonhar.”