“Portanto - disse a Srta. Tilney -, a senhorita crê que os historiadores não são felizes ao deixar sua imaginação voar. Eles demonstram possuí-la, mas não conseguem despertar o interesse. Eu gosto de História, e não me importo de aceitar o que é falso junto com o que é verdadeiro. Para descrever os fatos principais, eles buscam informações em registros e em outros livros que são tão confiáveis, creio eu, quanto qualquer coisa que não se passe diante de nossos próprios olhos. E quanto aos pequenos adornos aos quais se refere, são apenas adornos, e gosto deles como tal. Se um discurso for bem escrito, eu o lerei com prazer, não importa quem seja o autor. E leio com mais prazer ainda se tiverem sido produzidos pelo Sr. Hume e pelo Sr. Robertson do que se fossem as palavras genuínas de Caractacus, Júlio Agrícola ou ALfredo, o Grande.”
“por isso ele nunca saberá o quanto o amo: e não por ele ser bonito, Nelly, mas por ele ser mais eu, do que eu própria. Não sei de que são feitas as nossas almas, mas elas são iguais; e a de Linton é tão diferente da minha quanto um raio de lua é diferente de um relâmpago, ou o fogo do gelo.”
“E quem é que os americanos não destruíram? Olha o que eles estão a fazer no Médio Oriente. É a mesma coisa.…Mas os Vietnamitas derrotaram-nos, porque eram um povo unido. Ao contrário dos idiotas dos Árabes… os Ingleses puseram-nos uns contra os outros há cem anos e eles são demasiado ignorantes para o perceberem. Se fossem unidos, podiam conquistar o mundo.…A América não vai deixar ninguém conquistar o mundo, a não ser eles próprios. Rebentam com todos nós antes de deixarem seja quem for levar vantagem.”
“O principal é não mentir. Quem mente para si mesmo e dá ouvido à sua própria mentira chega a tal extremo que não consegue ver nenhuma verdade em si ou naqueles que o rodeiam e, por conseguinte, perde completamente o respeito por si e pelos outros. (...) Quem mente a si próprio pode ser o primeiro a ofender-se. Às vezes, é tão agradável uma pessoa se ofender, não é verdade? O indivíduo sabe que ninguém o injuriou, que tudo não passa de simples invenção, que ele próprio mentiu e exagerou apenas para criar um quadro, para fazer de um grão uma montanha - sabe tudo e, no entanto, se ofende. Ofende-se a ponto se sentir prazer na ofensa e, desse modo, atinge o verdadeiro ódio...”
“As minhas primeiras emoções tinham sido a melancolia mais pura e a compaixão mais sincera, mas na mesma proporção em que o desamparo de Bartleby crescia na minha fantasia, aquela melancolia se transformava em medo, e a compaixão, em repulsa. É tão verdadeiro e ao mesmo tempo tão terrivel o fato de que, ao vermos ou presenciarmos a miséria, os nossos melhores sentimentos são despertados até um certo ponto; mas, em certos casos especiais, não passam disso. Erram os que afirmam que é devido apenas ao egoísmo inerente ao coração humano. Na verdade, provém de uma certa impotência em remediar um mal excessivo e orgânico. Para uma pessoa sensivel, a piedade é quase sempre uma dor. Quando afinal percebe que tal piedade não significa um socorro eficaz, o bom senso compele a alma a desvencilhar-se dela. O que vi naquela manhã convenceu-me de que o escrivão era vítima de um mal inato e incurável. Eu podia dar esmolas ao seu corpo, mas o seu corpo não lhe doía; era a sua alma que sofria, e ela estava fora do meu alcance.”
“Aquilo que, creio, produz em mim o sentimento profundo, em que vivo, de incongruência com os outros, é que a maioria pensa com a sensibilidade, e eu sinto com o pensamento.Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar.”