“Agora, nunca ter querido dar uma escapulidinha de vez em quando, nunca ter fantasiado uma trepada fora é mentira. Mentira que muito raramente pode ser sincera, mas, mesmo nestes casos, não deixa de ser mentira.”
“Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.”
“Mesmo ponho admiração no Burkina não lhe ter varrido logo ali umas ngaias, porque coisa que o Burkina não goste, e disse logo e avisou no miúdo, é de mentiras, porque mentiras crescem mais que os cabelos, lhe dissee depois morres asfixiado nos cabelos todos da mentira”
“Ilusão, mentira, estúpido? Mas eu é que faço a verdade e a mentira. Eu é que a crio à custa de dor. Dou-lhe o meu bafo e a minha alma. Deus cria-me a mim - eu crio Deus. Um verdade pode ser abjecta, uma mentira pode construir outro mundo - outro Universo - outro céu.”
“porque quando o resto desaparecer, é isso que vai ficar. amo - te. { ... } raios, é uma coisa que vais ter de engolir de uma vez por todas. amo - te, e nunca esperei sentir isto por ninguém. mas é verdade.”
“Os meus olhos deviam ter a mesma expressão nos últimos anos, mas nunca notei. Bem que me olhava no espelho para ver que cara a pessoa tem quando sofre muito, mas era sempre o meu rosto. Cada vez mais achava que devia ter mudado muito, não se podia ser a mesma depois de tanta coisa, de tanta dor. Contudo, era eu.”