“Olharam-se nos olhos, como se estivessem nus, um frente ao outro. Despidos e frágeis, como se está sempre diante da possibilidade do amor. Em frente da certeza de que o amor começa a morrer no preciso instante em que dizemos, amo-te. O amor é apenas esse momento.”

Joaquim Mestre
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“Onde terá ficado aquela criança que apenas conhece da fotografia e cuja memória há muito se perdeu na sedimentação dos dias? Não se recorda quando se separaram. Quando um deixou de ser o outro. Onde está nele aquela criança? O homem que é hoje é o resultado de todos os dias daquela criança? E se os dias tivessem sido outros, seria outro homem? Se ele pudesse apagar alguns dias, seriam todos os outros suficientes para para ele ser quem hoje é? Apagar alguns dias. Apagar um dia, que fosse aquele dia. Será o homem apenas o conjunto das suas memórias ou será antes a soma de todos os seus esquecimentos?”


“Os últimos fregueses já saíram e apenas um bêbedo insiste em beber mais um copo. Aquela insistência irritante dos bêbedos. A sua voz entaramelada ouve-se de forma sincopada, como se lhe faltassem as palavras ou também elas estivessem embriagadas e saíssem aos trambolhões, encavalitadas umas nas outras por quererem sair todas ao mesmo tempo.”


“A manhã abria-se e a claridade já se via no ar, nas ruas e nas casas. Uma luz branda rompia o nevoeiro e caía sobre a vila adormecida. Almorim, àquela hora da manhã, à hora em que as coisas paradas nos olham, era só silêncio e descampado. Um silêncio de árvores, casas, muros de pedra e caminhos.”


“A vergonha deve ser a principal razão para um homem enlouquecer. A vergonha entra dentro de nós, vive dentro de nós e aparece nos olhos. É aí que se vê a vergonha, a revolver no mais fundo até vir à superfície e nos afogar.”


“O que é que se pode fazer por alguém que desistiu de viver, que deixou de acreditar? Talvez a gente só morra quando deixa de acreditar.”


“Ela aproveitou para se aproximar, silenciosa, como se caminhasse no sonho daquela tarde, com se tivesse medo de fazer um ruído e que a sua visão desaparecesse, como quando estamos a sonhar e não queremos acordar, queremos estar naquela felicidade sonâmbula, naquele tempo sem palavras, mas onde as imagens estão dentro de nós, e nós vemo-las. Ou sentimo-las?”