“Você está tão ocupada sendo você mesma que não faz ideia de quão absolutamente sem igual você é.”
“Não é a injustiça que conta, é o que você faz a respeito dela.”
“Você obtém um pouco de sossego mental quando aquilo que você quer é também o que você deve e é aquilo que você pode. Você não deixa de ter dilemas, mas é preciso ter como razão central a integridade.”
“Ser você mesmo em um mundo que está constantemente tentando fazer de você outra coisa é a maior realização.”
“Você constrói mil castelos, mil santuários, você não é nada; você constrói uma biblioteca, você é tudo”
“Nas semanas que precederam sua instalação você viveu principalmente à noite. Você mantém seu ritmo e seus costumes por algum tempo. Já na terceira noite, você leva para lá uma mulher que conheceu vagamente, uma habitué do Moloko. Jamila tem vinte anos. Arrasta-se todas as noites pelas boates. Mora com uma tia, no subúrbio. Está com a gargante inflamada. Às cinco da manhã você lhe oferece sua hospitalidade. Ela preferiria que você a levasse para casa, mas você não tem mais carro. Durante a noite, você acaricia vagamente os seios dela. Ouve um grunhido sonolento. Não acontecerá mais nada. Transar com ela ou zelar por seu sono, tanto faz. Em ambos os casos você vai ter a ilusão de tê-la conhecido. Em todo caso, o álcool já lhe deu todas as satisfações do mundo. Você está com trinta e cinco anos, tem diplomas, um passado sólido, uma família burguesa que ela não tem. Mas ela é uma náufraga como você. Para ela, o fracasso é um dado social insuperável que ela sem dúvida arrastará consigo a vida inteira. Para você, é um abismo luxuoso e provisório.”