“Ao fixar o reflexo dos meus olhos no espelho, já me pareceu muitas vezes que está outra pessoa dentro deles. Observa-me, julga-me, mas não tem voz para se exprimir. Será talvez eu com outra idade, criança ou velho: inocente, magoado por me ver a destruir todos os seus sonhos; ou amargo, a culpar-me pela construção lenta dos seus ressentimentos. Seria melhor se tivesse palavras para dizer-me, mas não. Só aquele olhar lhe pertence. É lá que está prisioneiro.”

José Luis Peixoto

José Luís Peixoto - “Ao fixar o reflexo dos meus olhos...” 1

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“Esse ferro bem polido a mim faz-me lembrar, desculpem a divagação, dizia Florita Almada, os óculos escuros de alguns chefes políticos ou de alguns dirigentes sindicais, ou de alguns polícias. Para que tapam eles os olhos?, interrogo-me. Terão passado mal a noite a estudas formas para que o país progrida, para que os operários tenham maior segurança no trabalho ou um aumento salarial, para que a delinquência bata em retirada? Talvez. Não digo que não. Talvez as olheiras deles se devam a isso. Mas o que aconteceria se eu me aproximasse de um deles e lhe os óculos e visse que não têm olheiras? Tenho medo só de imaginar.”

Roberto Bolaño
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“Se as pessoas começarem a parar por um momento para olhar paras os casos como o meu, ou, simplesmente para a sua própria vida com olhos de ver, talvez comecem a relativizar os seus próprios problemas e possam perceber o que de facto vale a pena na vida.”

António Feio
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“(...) de que o objetivo do ambientalismo não tem a ver com tentar usar menos, mas antes com tentar ser mais.Não tem a ver com beneficiarmos de menos coisas, mas antes com darmos aquilo que de melhor há dentro de nós. O ambientalismo não tem a ver com o ambiente. Tem a ver com as pessoas. Tem a ver com o sonho de uma vida melhor para as pessoas.”

Colin Beavan
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“Onde terá ficado aquela criança que apenas conhece da fotografia e cuja memória há muito se perdeu na sedimentação dos dias? Não se recorda quando se separaram. Quando um deixou de ser o outro. Onde está nele aquela criança? O homem que é hoje é o resultado de todos os dias daquela criança? E se os dias tivessem sido outros, seria outro homem? Se ele pudesse apagar alguns dias, seriam todos os outros suficientes para para ele ser quem hoje é? Apagar alguns dias. Apagar um dia, que fosse aquele dia. Será o homem apenas o conjunto das suas memórias ou será antes a soma de todos os seus esquecimentos?”

Joaquim Mestre
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“Porque não morremos num período assim? Antes que tudo se comece a esboroar. Nem sei se é no fundo ou na superfície que começa a erosão. A primeira tristeza não partilhada. A primeira solidão em que se vira as costas e, ao voltar, já não se encontra a presença reconfortante. Apenas outra solidão, de costas. A consciência alerta: está a acabar, está a acabar. Talvez não ainda o amor, mas a alegria está a acabar. O resto vem depois. O cortejo todo.”

Lya Luft
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