“...as notas soavam melífluas, como o pipilar meigo das andorinhas a acolherem a Primavera”
“AndorinhaAndorinha lá fora está dizendo:— "Passei o dia à toa, à toa!"Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!Passei a vida à toa, à toa . . .”
“encontrava-se numa dessas crises em que a alma inteira mostra indistintamente o que encerra como o oceano que, nas tempestades, entreabre-se das algas das praia até a areia dos abismos.”
“Quantos fragores lancinantes de primaveras esvanecerão até o advento do consenso?”
“há certos movimentos que apenas são possíveis depois do início da primavera. Durante a invernia, o corpo esquece-os, mingua, endurece como as árvores. Em maio, o corpo recorda esses movimentos, julga reaprendê-los e, ao fazê-lo, redescobre a sua verdadeira natureza.”
“Primeiro surgiu o homem nu de cabeça baixa. Deus veio num raio. Então apareceram os bichos que comiam os homens. E se fez o fogo, as especiarias, a roupa, a espada e o dever. Em seguida se criou a filosofia, que explicava como não fazer o que não devia ser feito. Então surgiram os números racionais e a História, organizando os eventos sem sentido. A fome desde sempre, das coisas e das pessoas. Foram inventados o calmante e o estimulante. E alguém apagou a luz. E cada um se vira como pode, arrancando as cascas das feridas que alcança.”