“Escrever é projectar-se além da Vida,É vencer a morte.Um dia esta virá, de surpresa, ou tardia,Mas uma coisa não levará, não reduzirá a cinzas,E sobre ela a sua álgida mão não terá poder.Ó morte, eu sei que tu me aniquilarás,Mas não destruirás esta páginaem que escrevo o teu nome,O teu nome odiado e cruel.Quantos seres derrubaste em volta de mim!A todos apavoras.Mas outras vidas há que não estão à tua mercê,E essas, que nós criamosCom a música das nossas palavras,Com a febre do nosso espírito,Com a ambição do nosso sonho,Essas - sobreviver-nos-ãoE o teu amplexo não as envolverá.O que fica do artista, para além dele, não te pertence;Basta que nós te pertençamos.”