“Há qualquer coisa de libertador associada à perda de tudo. Primeiro chora-se, depois fica-se atordoado; em seguida enumera-se aquilo que se perdeu e reflecte-se sobre a dureza do futuro, pensando que nunca conseguiremos obter outras coisas como aquelas que desapareceram. Finalmente, depois de tudo isso, sente-se uma estranha leveza. Sem as coisas que sempre tivemos, passamos a ser outra pessoa, qualquer pessoa, ninguém. É uma sensação esquisita, como a de estarmos embriagados, abandonando-nos à embriaguez. (..) De repente senti-me capaz de qualquer coisa, por muito arrojada que fosse.”
“As palavras em si mesmas não são nada. São apenas letrinhas agrupadas ou um monte de sons combinados de uma certa maneira, mas que não fazem nenhum sentido por si mesmos. É a gente que dá sentido às palavras. Está tudo em nossa cabeça, nos pequenos detalhes de como as coisas funcionam dentro dela. É só uma questão de como as coisas se processam no cérebro de uma pessoa e de outra, entende?”
“A Hazel é diferente. Ela caminha com leveza, velhote. Caminha com leveza sobre a Terra. A Hazel sabe a verdade: Somos tão capazes de magoar o universo como de o ajudar, e não é provável que façamos qualquer uma das coisas. As pessoas dirão que é triste que ela deixe uma cicatriz menor, que menos pessoas a recordarão, que ela foi profundamente amada mas de modo menos amplo. Mas não é triste, Van Houten. É triunfante. É heroico. Não será isso o verdadeiro heroísmo? Como dizem os médicos: Em primeiro lugar, não faças mal.Seja como for, os verdadeiros heróis não são as pessoas que fazem coisas; os verdadeiros heróis são as pessoas que reparam nas coisas, que prestam atenção (...)Que mais? Ela é tão bonita. Uma pessoa não se cansa de olhar para ela. Nunca se preocupa se ela é mais esperta do que nós. Sabemos que é. É engraçada sem nunca ser maldosa. Eu amo-a. Tenho tanta sorte por amá-la, Van Houten. Não podemos escolher se somos ou não magoados neste mundo, velhote, mas temos algo a dizer sobre quem nos magoa. Eu gosto das minhas escolhas. Espero que ela goste das dela.Gosto, Augustus.Gosto.”
“...um homem tem de ter qualquer coisa a que se ligue, qualquer coisa que ele possa estar certo de encontrar lá de manhã.”
“Pensa-se de dia – a – dia. Se começamos a pensar no futuro, no nosso futuro pessoal, perdemos a coragem. E, de repente, lembramo-nos de todas as coisas que fizemos e que foram um desperdício de tempo… os minutos que desperdiçámos e que nunca podemos reaver. E apercebemo-nos de que o tempo é a coisa mais preciosa de todas. Porque o tempo é a vida. É a única coisa que nunca podemos recuperar. É possível perder uma rapariga e quem sabe voltar a conquistá-la… ou encontrar outra. Mas um segundo, este segundo, quando se vai, é irreversível.”
“Meu caro amigo (...), a vida é infinitamente mais estranha que qualquer coisa que a mente do homem possa inventar. Não nos atreveríamos a conceber coisas que são, afinal, lugares-comuns da existência. Se pudéssemos sair a voar de mão dada por aquela janela, pairar sobre esta cidade, tirar cuidadosamente os telhados e espreitar as coisas esquisitas que estão a passar-se , as estranhas coincidências, as maquinações, os objectivos cruzados, as maravilhosas cadeias de acontecimentos que vão funcionando durante gerações e levam aos resultados mais outrés, a ficção tornar-se-ia, com os seus convencionalismos e conclusões previstas, muito cediça e sem interesse.”