“Quantas vezes contamos a história da nossa vida? Quantas vezes adaptamos, embelezamos, fazemos cortes matreiros? E, quanto mais a vida avança, menos são os que à nossa volta desafiam o nosso relato, para nos lembrar que a nossa vida não é a nossa vida, é só a história que contámos sobre a nossa vida. Que contámos aos outros mas — principalmente — a nós próprios.”

“Naquele tempo imaginávamo-nos fechados numa espécie de redil, à espera que nos soltassem para a vida. E, quando o momento chegasse, as nossas vidas - e o próprio tempo - acelarariam. Como podíamos saber que, de qualquer modo, as nossas vidas já haviam começado, que já levávamos vantagem, que algum dano já fora inflingido?”

“A vida e nossos vícios, nossas perdas, nossos encontros: quanto mais nos relacionamos com os outros, mais conhecemos a nós mesmos”

“A história não é só o que deixamos para trás, mas é também algo que nos vai acompanhando ao longo da vida.”

“A vida às vezes dá-nos mais do que um pontapé… dá-nos um coice e espera que nos mantenhamos a andar. Todos à nossa volta o esperam. Cobram-nos que sejamos fortes quando tudo o que queremos é poder cair.”

“Acredito certamente que todos sofremos danos, de uma ou outra maneira. Como podíamos não sofrer, senão existe um mundo de pais, irmãos, vizinhos e companheiros perfeitos? E depois há a questão, de que tanta coisa depende, do modo como reagimos ao dano: quer o reconheçamos, quer o recalquemos, e como isso afecta as nossas relações com os outros. Alguns admitem o dano e tentam suaviza-lo; outros passam a vida a tentar ajudar outros que sofreram danos; e há depois aqueles cuja maior preocupação é evitar mais danos para si próprios, a qualquer preço. Esses são os implacáveis, aqueles com quem devemos ter cuidado.”

“Porque é que fazemos as coisas que fazemos? Porque é que damos tantas vezes cabo das nossas vidas fazendo coisas que na altura parecem fazer sentido apesar de uma vozinha nos murmorar ao ouvido que estamos a cometer um grande erro?”