“Nostalgia não é saudade.sim, são sinonimas, mas "sinônimo" é o mismo que "semelhante" e não "idêntico""Idêntico" é cem por cento "igual", enquanto que em "semelhante há pelo menos um percentual minimo de "diferente", de cualquier maneira saudade não e nostalgia.Nostalgia é a nausea que se encontra numa paisagem. num cheiro. numa música, num vento que nos carrega para tão proximo de reviver una história, porem se esvai num relance.Saudade é a falta que se sente do que já se foi, saudade se afina, saudade não e provocada no lance de uma sensação. Saudade e a própia sensação constante, um sentimiento abstrato quase sólido a beira do palpável.”
“Agora, o pintor dissertava longamente acerca da composição: o que há de mais bonito nos sonhos, dizia, é o encontro improvável de seres e de coisas que não poderiam encontrar-se na vida corrente; num sonhos, um barco pode entrar por uma janela num quarto de dormir, uma mulher que já não está viva há vinte anos pode aparecer deitada numa cama e, contudo, ei-la a subir para o barco que se transforma acto contínuo em caixão e o caixão põe-se a flutuar por entre as margens floridas de um rio.”
“olhe, hoje é possível reviver o fascismo, quer saber. é possível na perfeição. basta ser-se trabalhador dependente. é o suficiente para perceber o que é comer e calar, e por vezes nem comer, só calar. vá espirar esses patrões por aí fora. conte pelos dedos os que têm no peito um coração a florescer de amor pelo proletariado. que porra de conversa comunista. mas não é possível deixar de ter conversas comunistas enquanto não se largar a merda das ideias do capitalismo de circo que está montado. um capitalismo de especulação no qual o trabalho não corresponde a riqueza e já nem a mérito, apenas a um fardo do qual há quem não se consiga livrar.”
“Como é que se matam saudades não é coisa que se explique de um modo claro. Ele não há ferro nem fogo, corda nem veneno, e todavia as saudades expiram, para a ressurreição, alguma vez antes do terceiro dia. Há quem creia que, ainda mortas, são doces, mais que doces. Esse ponto, no nosso caso, não pode ser ventilado, nem eu quero desenvolvê-lo, como aliás cumpria.”
“Porque não contestam as mulheres a soberania do macho? Nenhum sujeito se coloca imediata e espontaneamente como não essencial; não é o Outro que, definindo-se como Outro, define o Um; ele é posto como Outro pelo Um definindo-se como Um. Mas para que o Outro não se transforme no Um é preciso que se sujeite a esse ponto de vista alheio. De onde vem essa submissão na mulher?”
“Lá não se diz ama; é querem-se. "Querem-me" é outra coisa; é amalgamarem-se num só ser, em uma só vontade, numa identidade de alma e corpo tal, e tão uma que nem sequer cogitam se há desgraça com força de desuni-los aquém da morte. E para lá da sepultura ainda eles têm como segura a vida imortal em união de penas ou glórias.”