“Você diz que minha maneira de pensar não pode ser aprovada. O que me importa? Bem louco é quem adota a maneira de pensar dos outros! Ela é fruto das minhas reflexões, deve-se á minha existência, à minha organização; não sou senhor de mudá-la, e, se fosse, não o faria. Essa maneira de pensar que você reprova é o único consolo de minha vida. Não foi a minha maneira de pensar que me desgraçou. O homem sensato que despreza o preconceito dos tolos necessariamente torna-se inimigo dos tolos; que se fie disto e caçoe destes. Um viajante segue numa bela estrada por onde espalharam armadilhas; cai numa delas. A quem a culpa, ao viajante ou ao celerado que as armou? Logo, se, como você diz, colocam minha liberdade a preço do sacrifício de meus princípios ou gostos, podemos nos dizer um eterno adeus, pois antes deles, sacrificaria mil vidas e mil liberdades se as tivesse. Taís princípios e gostos são levados por mim ao fanatismo, e éobra das perseguições dos meus tiranos. Quanto mais me atormentarem, mais enraizarão meus princípios no peito. E declaro abertamente jamais ser necessário me falarem de liberdade, se esta só me for oferecida pelo preço da destruição de meus princípios. Nem diante do cadafalso mudaria de idéia.”