“Se o que vos dizem fosse verdade, se realmente vos esperasse a vida eterna após a morte… o que é que nos diferenciaria de vocês? Qual seria a diferença entre anjos e Deuses do Olimpo e Homens? Nenhuma. É esta a Ordem. Vocês adoram-nos e em troca nós oferecemos a esperança na forma de uma grande mentira reconfortante.”
“A vida às vezes dá-nos mais do que um pontapé… dá-nos um coice e espera que nos mantenhamos a andar. Todos à nossa volta o esperam. Cobram-nos que sejamos fortes quando tudo o que queremos é poder cair.”
“Porque é que vos é tão fácil acreditar que é possível o vosso corpo precisar de uma alma para sobreviver, mas não o contrário!? Porque é que também não é óbvio que a vossa alma precisa do vosso corpo? Que são os vossos sentidos que a alimentam? As imagens que os vossos olhos vêem; os cheiros cativados pelo vosso nariz; os sons vibrantes concedidos pelos ouvidos; a magia do toque… sem eles, individualmente e no seu conjunto, a vossa alma definha como nós definharíamos sem a vossa fé.”
“Pensas que sabes o que é sofrer, mas não sabes. Tu sabes o que é perda. Tiveste quem te amasse e perdeste-os. Eu só tenho um pai que me quer matar desde o instante em que soube da minha existência e passou décadas a demonstrar-me o quanto o queria. Uma mãe cujo o único interesse era vangloriar-se sobre o fracasso dele em vez de o tentar evitar. E a única coisa comum aos dois, é que o passatempo preferido deles é a caça, e a cabeça a prémio é a minha! - Danton”
“Frente a um desafio que pensamos ser maior do que nós próprios, só resta ignorar o que pensamos, e crescer.”
“E é, em suma, uma forma como outra qualquer de resolver o problema da existência, esta de nos aproximarmos das coisas e das pessoas que de longe nos pareceram belas e misteriosas o suficiente para verificarmos que não têm mistério nem beleza; é uma das higienes entre as quais podemos optar, uma higiene que talvez não seja muito recomendável, mas que nos dá uma certa calma para passarmos a vida, e também para nos resignarmos à morte - pois que permite que não lamentemos nada ao persuadir-nos de que atingimos o melhor, e de que o melhor não era grande coisa.”
“-- Não brinco, não. Digo apenas o que percebi. Os conhecimentos podem ser transmitidos, mas nunca a sabedoria. Podemos achá-la; podemos vivê-la; podemos consentir em que ela nos norteie; podemos fazer milagres através dela. Mas não nos é dado pronunciá-la e ensiná-la. (...) Uma percepção me veio, ó Govinda, que talvez te afigure novamente como uma brincadeira ou uma bobagem. Reza ela: "O oposto de cada verdade é igualmente verdade". Isso significa: uma verdade só poderá ser comunicada e formulada por meio de palavras, quando for unilateral. Ora, unilateral é tudo quanto possamos apanhar pelo pensamento e exprimir pela palavra. Tudo aquilo é apenas um lado das coisas, não passa de parte, carece de totalidade, está incompleto, não tem unidade. Sempre que o augusto Gautama nas suas aulas nos falava do mundo, era preciso que o subdividisse em Sansara e Nirvana, em ilusão e verdade, em sofrimento e redenção. Não se pode proceder de outra forma. Não há outro caminho para quem quiser ensinar. Mas o próprio mundo, o ser que nos rodeia e existe no nosso íntimo, não é nunca unilateral. Nenhuma criatura humana, nenhuma ação é inteiramente Sansara nem inteiramente Nirvana. Homem algum é totalmente santo ou totalmente pecador. Uma vez que facilmente nos equivocamos, temos a impressão de que o tempo seja algo real. Não, Govinda, o tempo não é real, como verifiquei em muitas ocasiões. E se o tempo não é real, não passa tampouco de ilusão aquele lapso que nos parece estender-se entre o mundo e a eternidade, entre o tormento e a bem-aventurança, entre o Bem e o Mal.”