“«A memória», disse-lhe, «é para ver a partir de dentro. É dar forma e cor às palavras. Sem imagens não há memória.»”
“- O vento também é eterno. Nunca acaba. Quando o vento entra no nosso corpo, nascemos, e, quando sai, é porque morremos, por isso temos de ser amigos do vento.- E...este...- Já nem sabes o que perguntar. É melhor guardares silêncio, não gastes a tua saliva. A saiva é água sagrada que o coração cria. A saliva não deve gastar-se em palavras inúteis porque então estaremos a desperdiçar a água dos deuses e olha, vou dizer-te uma cois que não deves esquecer: se as palavras não servirem para humedecer os outros a lembrança e conseguir que aí floresça a memória de deus, não servem para nada.”
“- Minha filha, vens da água e a água fala. Vens do tempo e estarás no tempo e a tua palavra estará no vento e será espalhada pela terra. A tua palavra será o fogo que transforma todas as coisas. A tua palavra estará na água be será espelho da língua. A tua palavra terá olhos e verá, terá ouvidos e ouvirá, terá tacto para mentir com a verdade e dirá verdades que parecerão mentiras. E com a tua palavra poderás regressar à quietude, ao princípio onde nada é, onde nada está, onde tudo o que foi criado regressa ao silêncio, mas a tua palavra despertá-lo-á e terás de nomear os deuses e terás de dar vozes às árvores e farás com que a natureza tenha língua e falará por ti o que é invisível. E a tua língua será palavra de luz e a tua palavra, pincel de flores, palavra de cores que, com a tua voz, pintará novos códices.”
“…durante su niñez Tita no diferenciaba bien las lágrimas de la risa de las del llanto. Para ella reír era una manera de llorar. De igual forma confundía el gozo del vivir con el de comer. No era fácil para una persona que conoció la vida a través de la cocina entender el mundo exterior.”
“Malinalli, como Quetzalcóatl, ao confrontar-se com o seu lado obscuro ganhou consciência da sua luz. A sua vontade de ser una com o cosmos fez com que os limites do seu corpo desaparecessem. Os seus pés, em contacto com a água inundada pela luz da lua, foram os primeiros a experimentar a mudança. Deixaram de a conter. O seu espírito fundiu-se com o da água e derramou-se pelo ar. A sua pele expandiu-se ao máximo, permitindo-lhe mudar de forma e integrar-se com tudo o que a rodeava. Foi nardo, foi laranjeira, foi pedra, foi aroma de copal, foi milho, foi peixe, foi ave, foi sol, foi lua. Abandonou este mundo.”
“Para a mesa e para a cama, uma só vez se chama.”
“Presenciar o mistério da vida era suficientemente impressionante para evitar pensar na morte, em qualquer uma das suas manifestações: o abandono, a perda, o desaparecimento. Não, a única coisa que o seu espírito e o seu coração desejavam era festejar a vida.”