“Nunca confies na memória porque está sempre do nosso lado: suaviza a atrocidade, dulcifica a amargura, põe luz onde só houve sombras. A memória tende sempre à ficção.”
“A memória como uma maldição. Caímos na eternidade e a memória é um peso, continua a prender-nos em qualquer ponto para onde nunca poderemos voltar.”
“Esse amor sem fim, onde andará?Que eu busco tanto e nunca estáE não me sai do pensamentoSempre, sempre longeEsse amor tão lindo que se escondeNos confins do não sei ondeVive em mim além do tempoLonge, longe, onde?Por que não me surges nessa horaComo um solComo o sol no marQuando vem a auroraEsse amor que o amor me prometeuE que até hoje não me deuPor que não está ao lado meu?Esse amor sem fim, onde andará?Esse amor, meu amor,Onde andará?”
“A memória elabora a melhor das artes; a imaginação só as respeita quando não as perturba.”
“Eu te conservo na memória, resto quase apenas psicossomático.”
“A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse:“Não há mais o que ver”, saiba que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.”