“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis”
“Só você me amou à primeira leitura e eu? A pornografei.”
“Ignorarei para todo o sempre de que modo ela passava os dias, onde se escondia, qual era a sua companhia durante os meses de Inverno aquando da sua primeira fuga e no decurso das pouca semana de primavera em que escapulira de novo. Eis o seu segredo. Um pobre e precioso segredo que os carrascos, os decretos, as autoridades ditas de Ocupação, o depósito de presos, as casernas, os campos, a história, o tempo –tudo o que nos macula e destrói – não puderam roubar-lhe.”
“E é justo? E é possível que uma coisa tão pequena como uma pistola ou uma navalha possa dar cabo de um homem, que é um touro? Nao vou me calar nunca. Os meses passam e o desespero me perfura os olhos e pica até nas pontas do cabelo.”
“E pergunto-me a mim mesma se a eternidade será isto, recordar uma e outra vez, um vestido, um beijo, um dia de Outono, a primeira neve, os meus cães. As coisas essenciais. O nome das rosas e as frases dos livros, o tempo em que alguém nos amou, o jardim que fizemos com as nossas mãos”
“Há uma piada italiana muito engraçada sobre um homem pobre que vai todos os dias à igreja rezar diante da estátua de um grande santo, implorando: «Querido santo, por favor, por favor, por favor... dá-me a graça de ganhar a lotaria.»Este lamento continua durante meses. Por fim, a estátua exasperada ganha vida, olha para ele e diz com um ar fatigado: «Meu filho, por favor, por favor, por favor... compra um bilhete.»”