“Como se fazem as pazes com a desilusão? O coração quer perdoar, mas a cabeça dói de raiva; recusa-se a dizer todas as palavras excepto não.”
“Os chapéus também servem para isso, para esconder o cabelo. Não só quando se trata de um penteado feio, porque o melhor é esconder o cabelo sempre, até com penteados que dizem ser bonitos. O cabelo é uma parte morta do corpo. Por exemplo: quando você corta o cabelo, não dói. E, se não dói, é porque está morto. Quando alguém o puxa sim que dói, mas o que dói não é o cabelo, mas o couro cabeludo da cabeça. Pesquisei isso nas pesquisas livres com Mazatzin. O cabelo é como um cadáver que você traz em cima da cabeça enquanto está vivo. Além do mais é um cadáver fulminante, que cresce sem parar, o que é muito sórdido. Talvez quando você se converte em cadáver o cabelo já não seja sórdido, mas antes sim. Isso é o melhor dos hipopótamos anões da Libéria, que eles são calvos.”
“Não se deliberam sentimentos; ama-se ou aborrece-se, conforme o coração quer.”
“O que resta em mim? Se não tudo o que eu quis te dizer mas para o qual as palavras não correspondiam ao significado adequado.”
“As lágrimas que não saem depositam-se no coração, com o passar do tempo vão formando uma crosta e paralizam-no, como o calcário se encrosta e paraliza as engrenagens da máquina de lavar.”
“As palavras em si mesmas não são nada. São apenas letrinhas agrupadas ou um monte de sons combinados de uma certa maneira, mas que não fazem nenhum sentido por si mesmos. É a gente que dá sentido às palavras. Está tudo em nossa cabeça, nos pequenos detalhes de como as coisas funcionam dentro dela. É só uma questão de como as coisas se processam no cérebro de uma pessoa e de outra, entende?”