“Todos amamos algo ou alguém; as restantes incertezas são mentiras que pertencem aos outros.”
“Numa conversa entre dois loucos, os argumentos são sempre poucos.Mas os loucos acham que são suficientes. Por outro lado, não sabem que são dementes.”
“Rosário nunca pensara na felicidade apenas como uma consequência natural das coisas boas que se fazem. Tal como a maioria das pessoas, sempre viu a felicidade como um objectivo por si mesma. E, tal como essa maioria das pessoas, não tinha percebido que, quando encarada como um objectivo, a felicidade torna-se demasiado grande para caber nas coisas que se fazem e passa a assombrar todas as coisas que se querem. A obsessão afasta a felicidade do coração. Ignoram-se coisas boas, porque um coração obcecado acha-as insuficientes. E, infelizmente, um coração obcecado pode não ver a felicidade quando ela está mesmo ali ao lado. Ou à sua frente.”
“Quantos casamentos desgastam a noção de querer o corpo do outro?”
“Os países são muito pequenos para a vontade de viajar. Mesmo os grandes. Eu estive no mundo. Mas voltei sempre aqui. O nosso lugar é onde fazemos chá para os amigos.”
“Deitei-me.Fiquei ali, na pedra fria do passeio. As pessoas a passarem e eu, alheio, deixei-me estar jogado no seu meio. Na minha cama. No meu drama. Nem sequer era de pedra. Era uma cama com muito menos poesia no existir. Era um coração apaixonado sem sentir. Era cimento. Era leito dado ao desconforto de me cobrir com lençóis feitos de vento.”
“Tudo está perdido. Em dias de fim do mundo existencial, gostamos de nos martirizar com esse pensamento desertor. Se tudo estivesse realmente perdido não nos restaria vontade para admitir. Também a objectividade já se teria ido. Também o interesse em admitir o que quer que fosse. Afinal, tudo é mesmo isso. Tudo.”