“Porque o amor, por definição, é um dom não merecido; ser-se amado sem mérito é justamente a prova de um amor verdadeiro. Se uma mulher me diz: amo-te porque és inteligente, porque és honesto, porque me dás presentes, porque não andas no engate, porque lavas a louça, sinto-me decepcionado; este amor tem o ar de ser qualquer coisa de interessado. É muito mais bonito ouvir: estou louca por ti apesar de tu não seres nem inteligente nem sério, e embora sejas mentiroso, egoísta e safado.”
“[...] E é porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar do meu modo. É porque ainda não sei ceder. [...] É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. [...] Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo.”
“Este governo não há de cair -porque não é um edifício. Tem de sair com benzina - porque é uma nódoa!”
“Agora, o pintor dissertava longamente acerca da composição: o que há de mais bonito nos sonhos, dizia, é o encontro improvável de seres e de coisas que não poderiam encontrar-se na vida corrente; num sonhos, um barco pode entrar por uma janela num quarto de dormir, uma mulher que já não está viva há vinte anos pode aparecer deitada numa cama e, contudo, ei-la a subir para o barco que se transforma acto contínuo em caixão e o caixão põe-se a flutuar por entre as margens floridas de um rio.”
“Romeu, Romeu! Ah! Porque és tu Romeu? Renega o pai, despoja-te do nome; ou então, se não quiseres juro ao menos que amor me tens, porque uma Capuleto deixarei de ser logo.”
“O verdadeiro amor é um fogo no coração. É um sentimento alegre e maravilhoso. Uma magnífica agonia. É ser incapaz de comer, de pensar e nem sequer de respirar a menos que se esteja perto do objecto no nosso afecto. É não nos sentirmos completos sem essa pessoa...”
“Dizem todos, e os poetas juram e tresjuram, que o verdadeiro amor é o primeiro: temos estudado a matéria, e acreditamos hoje que não há que fiar em poetas: chegamos por nossas investigações à conclusão de que o verdadeiro amor, ou são todos ou é um só, e neste caso não é o primeiro, é o último. O último é que é o verdadeiro, porque é o único que não muda.”