“Primeiro casa para todos, diziam, depois comida para todos, depois transporte para todos, depois meios de produção para todos. Que as casas devessem ser construídas por empreiteiros privados não lhes importava muito; a verdade haveria de prevalecer no choque dialético entre o individual e o coletivo, entre o egoísmo e o altruísmo, entre o custo das casas e os preços cobrados pelos empreiteiros, entre a boa qualidade apregoada para a argamassa e as fendas que mais cedo ou mais tarde apareceriam nas paredes; fendas enormes, ramificadas em caprichosos desenhos (galhados de cervos, árvores de decisão ou mesmo letras como as que o plano incluía, de acordo com as ideias do socialista francês Louis Blanc, a criação, no setor público da economia, de verdadeiras oficinas sociais auto-administradas em moldes empresariais. O lucro dessas oficinas, em parte seria destinado à assistência médica e à previdência social, e em parte reinvestido. Operários investindo, aí estava a coisa: as armas do capitalismo usadas contra o próprio capitalismo!”

Moacyr Scliar

Moacyr Scliar - “Primeiro casa para todos, diziam...” 1

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“Ao contrário do que em geral se pensa, tomar uma decisão é uma das decisões mais fáceis deste mundo, como cabalmente se demonstra pelo facto de não fazermos masi nada que multiplicá-las ao longo de todo o santíssimo dia, porém, e aí esbarramos com o busílis da questão, elas sempre nos vêm a posteriori com os seus problemazinhos particulares, ou, para que fiquemos a entender-nos, com os seus rabos por esfolar, sendo o primeiro deles o nosso grau de capacidade para mantê-las e o segundo o nosso grau de vontade para realizá-las.”

José Saramago
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“Manhãs de escala são um momento especial para o semiagorafóbico, porque quase todo mundo deixa o navio e vai para a terra firme participar de Passeios Organizados ou fazer turismo peripatético espontâneo e os conveses superiores da e.m. Nadir assumem a mesma qualidade fantasmagórica e misteriosa da sua casa quando você é criança, adoece e fica em casa quando todo mundo saiu para o trabalho ou a escola etc.”

David Foster Wallace
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“I- A Primeira Etapa da Leitura Analítica: Regras para Descobrir de que se Trata um Livro1. Classifique o livro de acordo com o tipo e o assunto2. Diga de que se trata todo o livro com a máxima concisão.3. Enumere as partes principais por ordem e segundo a relação que guardam entre si, e delineie essas partes da mesma forma que você delineou o todo.4. Defina o problema ou os problemas que o autor tentou resolver.II- A Segunda Etapa da Leitura Analítica: Regras para interpretar o Conteúdo de um Livro5. Assimile os termos do autor interpretando-lhe as palavras-chave.6. Aprenda as principais porposições do autor examinando-lhe os períodos mais importantes.7. Conheça os argumentos do autor, descobrindo-os nas sequências dos períodos ou construindo-os à base dessas sequências.8. Determine quais os problemas que o autor resolveu e quais os que não resolveu; e dentre estes, indique quais os que o autor sabia que não conseguiria resolver.III- A Terceira Etapa da Leitura Analítica: Regras para Criticar um Livro encarado sob o prisma da Comunicação de ConhecimentosA- Preceitos Gerais da Etiqueta Intelectual9. Não comece a crítica enquanto não completar o delineamentoe a interpretação do livro. (Não diga que concorda, discorda ou suspende o julgamento enquanto não puder dizer “Entendo”.)10. Não faça da discordância disputa ou querela.11. Demonstre que reconhece a diferença entre conhecimento e mera opinião pessoal apresentando boas razões para qualquer julgamento crítico que venha a fazer.B- Critérios Especiais para Tópicos de Crítica12. Mostre em que ponto o autor está desinformado.13. Mostre em que ponto o autor está mal informado.14. Mostre em que ponto o autor é ilógico 15. Mostre em que ponto a análise ou explanação do autor é incompleta.”

Mortimer Jerome Adler
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“O homem seduzido pela ilusão da vida individual, escravo do egoísmo, só vê as coisas que o tocam pessoalmente, e encontra aí motivos incessantemente renovados para desejar e querer; pelo contrário, aquele que penetra a essência das coisas, que domina o conjunto, chega ao repouso de todo o desejo e de todo o querer. Daí em diante a sua vontade desvia-se da vida, repele com susto os gozos que a perpetuam. O homem chega então ao estado da renúncia voluntária, da resignação, da tranqüilidade verdadeira, e da ausência absoluta de vontade.”

Arthur Schopenhauer
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“Dona Laura, ao ver a casa encher-se de bocas - e pressentido que isso de golpes de Estado era coisa para levar o seu tempo -, apressou-se, de faca e alguidar, em direcção às capoeiras, donde regressou com as duas primeiras vítimas da revolução. E ainda não tinha soado as duas da tarde quando, num exercício ostensivo de poder, como se quisesse deixar bem claro o que quer que estivesse a acontecer no País, ali em casa tudo permanecia na mesma, desligou o rádio e a televisão, abriu as portadas que davam para o jardim e anunciou que a canja estava na mesa.”

João Ricardo Pedro
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