“Odonato já não tinha força para desenhar nos lábios um gesto mínimo de espanto ou o que fosse um vulgar sorriso, a temperatura chegava-lhe à alma, os olhos ardiam por dentrochorar afinal não tinha que ver com lágrimas, antes era o metamorfosear de movimentos internos, a alma tinha paredes - texturas porosas que vozes e memórias podiam alterar”

Ondjaki

Ondjaki - “Odonato já não tinha força para desenhar nos...” 1

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“Will combatia impiedosamente, metodicamente, golpeando os homens à volta dele com o único objectivo de os derrubar antes que eles o matassem. Eles já não eram homens. Na sua visão, eles eram alvos que tinham de ser destruídos. O instinto tinha dominado o intelecto e o remorso tinha-se desvanecido por necessidade. Agora, ele era uma máquina alimentada por uma necessidade de sobreviver, pelo medo e pela adrenalina. Rugia enquanto os golpeava com a espada, o gume da lâmina a atravessar qualquer área de carne exposta que atingia”

Robyn Young
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“O beijo durou, minutos inteiros, tempo suficiente para que a realidade encontrasse uma fresta entre as suas bocas aderentes e se enfiasse por aí adentro, obrigando ambos a analisar o que estavam a fazer.Separaram-se. Mattia sorriu apressadamente, automaticamente, e Alice levou um dedo aos lábios húmidos, quase que a certificar-se se tinha realmente acontecido. Havia uma decisão a tomar e tinha de ser tomada sem falar. Olharam um para o outro, alternadamente, mas já tinham perdido a sincronia e os seus olhos não se encontraram.”

Paolo Giordano
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“Para uma irlandesa, os Kreder eram um casal avarento e porco. Não tinha a imundície franca, instintiva, combativa, enlameada e maltrapilha que Mary conhecia e podia perdoar e amar. A deles era a imundície alemã da economia, de ser desleixado com o que vestia para poupar as roupas, de economizar nos banhos, de deixar o cabelo oleoso para poupar sabonete e toalhas, de ter as roupas sujas não por opção, as porque era mais barato, de manter a casa fechada e abafada para não gastar com aquecimento, de viver miseravelmente não apenas para economizar dinheiro, mas até para esquecer que o possuíam, trabalhando sem parar não só porque era de sua natureza ou porque precisavam disso, mas porque lhes trazia dinheiro e porque assim evitavam as situações em que podiam gastá-lo.”

Gertrude Stein
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“RetratoEu não tinha este rosto de hoje,assim calmo, assim triste, assim magro,nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.Eu não tinha estas mãos sem força,tão paradas e frias e mortas;eu não tinha este coração que nem se mostra.Eu não dei por esta mudança,tão simples, tão certa, tão fácil:Em que espelho ficou perdida a minha face?”

Cecília Meireles
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“Chegando a qualquer nova cidade o viajante reencontra o seu passado que já não sabia que tinha: a estranheza do que já não somos ou já não possuímos espera-nos ao caminho nos lugares estranhos e não possuídos.”

Italo Calvino
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