“Será que considero esta inquietação, este desvario, como uma doença - ou como um talento? Como ambos? Pode ser. Ou será que é apenas um meio de fuga? Olhe, pelo menos não me encontro casado, aos trinta e poucos, com uma criatura decente, cujo corpo deixou de ter para mim qualquer interesse genuíno - pelo menos não tenho de ir para cama todas as noites com alguém que vez por outra marreto por obrigação, ao invés de desejo. Quero referir-me à horrenda depressão que algumas pessoas experimentam na hora de ir para a cama...Por outro lado, mesmo eu devo admitir que talvez exista, de uma certa perspectiva, algo um tanto deprimente quanto à minha situação, também. É claro que não posso ter tudo; é o que me parece. A questão, porém, que desejo enfrentar é: tenho eu alguma coisa?”