“Há algo de muito mórbido na condescendência moderna para com a dor.”
“Não há nada tão insatisfatório como um fim com pontas soltas, essa tendência moderna de deixar os livros a meio.”
“Havia muitos miúdos-a-caminho-de-trabalharem-na-empresa-do-pai, muitos artistas-até-se-desiludirem, muitos perdidos, muitos activistas-de-algo-que-só-eles-conheciam, muitos deslocados, muitos existencialistas e muitos neo-qualquer-coisa.”
“Há duas maneiras de fazer política. Ou se vive 'para' a política ou se vive 'da' política. Nessa oposição não há nada de exclusivo. Muito ao contrário, em geral se fazem uma e outra coisa ao mesmo tempo, tanto idealmente quanto na prática”
“Há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem há desembarque onde se esqueça.”
“Melhoramos uma religião se o altar voltar a ser a mesa da refeição, tal como aconteceu na sua génese. Partilhar o pão para que, podendo todos ver a suas necessidades básicas cumpridas, se possam dedicar a encontrar Deus. Há dois tipos de Deus: o que nasce de barriga vazia, terroso, carnal, necessário para criar uma sensação de amparo e justiça num mundo em que não há nada disso. O segundo é um luxo, fruto de elucubrações. Não precisamos dele, mas ainda assim fazemo-lo existir. É feito de argumentos. Nasce de barrigas cheias. No primeiro acreditamos com o corpo, com o fígado, com o estômago, com os rins e com o sangue. No segundo acreditamos com a cabeça.”