“Os homens desesperados vivem pendurados no espaço à maneira das figuras pintadas nas paredes, sem respirar, sem falar, sem escutar ninguém.”
“Os homens desesperados vivem em cantos. Todos os homens que amam vivem em cantos. Todos os leitores de livros vivem em cantos.”
“Toda a gente sabe que os livros devoram espaço sem qualquer piedade.E não existe defesa possível.Ocupam primeiro as paredes, e depois continuam a espalhar-se por onde conseguirem. Apenas o tecto fica poupado. Chegam sempre uns novos, enquanto o dono não tem coração para se livrar de nenhum dos velhos. E assim, devagar, sem dar nas vistas,volumes de livros empurram tudo à sua frente. Como glaciares.”
“Não há beleza sem dor, sem o sentimento de que estão a desaparecer homens, nomes, livros, casas - destinadas ao pó, mortais...”
“O último poemaAssim eu quereria o meu último poema.Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionaisQue fosse ardente como um soluço sem lágrimasQue tivesse a beleza das flores quase sem perfumeA pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidosA paixão dos suicidas que se matam sem explicação.”
“Bran dissera, uma vez, que a confiança era um conceito sem qualquer significado. Mas, se não podíamos confiar, ficávamos sós, porque nem a amizade, nem a sociedade, nem a família, nem a aliança, podiam existir sem confiança. Sem ela ficávamos dispersos, à mercê dos quatro ventos, sem nada a que nos agarrarmos.”