“Que tudo se foda, disse ela, e se fodeu toda.”
“Como é triste falar sobre as coisas, tentar se explicar, tentar se expressar. É só dar nome às coisas que elas morrem. Será que ele entendia? Será que a perdoava? Será que está tudo bem?Ele diz que não perdoa mas entende e está tudo bem, que ela saberá onde encontrá-lo se quiser e que espera que ela seja muito feliz. Não vê nenhum propósito em contar que passou uns dez dias sofrendo como se sua vida tivesse perdido toda e qualquer possibilidade de alegria e encanto, bebendo até apagar e correndo e nadando até sentir câimbras, mas que depois disso tudo voltou ao normal e na verdade ele já não sentia muito sua falta, que seu rosto tinha sumido da sua memória quinze minutos depois de deixá-la dormindo naquela última manhã que acordaram juntos e jamais retornaria a não ser que ela enviasse um retrato, o que ele gostaria muito que ela fizesse, por sinal, e que pra ser sincero já a tinha esquecido no outro sentido também, o sentido que o faria sofrer agora, mas acaba contando de qualquer modo e ela emudece por uns instantes e diz Viu? Tu nem me amava tanto assim.”
“Ligo o foda-se e desligo o resmungar alheio.”
“Ninguém se deve ter por seguro nesta vida que toda ela se chama tentação. Quem é que, sendo pior, não se pode tornar melhor, e de melhor descer a pior? Só há uma única esperança, uma única promessa inabalável: Vossa misericórdia.”
“Procura-se-lhes a alma e elas transparecem, põem-se a esvanecer. Platónicas pragmáticas, dominam as sombras todas, fazem de sobre para melhor sorverem a luz.”
“No fim o que se faz se faz apesar de. Toda ignorância, própria e alheia.”