“Mas, além da injustiça do seu sistema, vêem-se bem todas as suas funestas consequências, a perturbação em todas as classes da sociedade, uma odiosa e insuportável servidão para todos os cidadãos, porta aberta a todas as invejas, a todos os descontentamentos, a todas as discórdias; o talento e a habilidade privados dos seus estímulos, e, como consequência necessária, as riquezas estancadas na sua fonte; enfim, em lugar dessa igualdade tão sonhada, a igualdade na nudez, na indigência e na miséria. Por tudo o que Nós acabamos de dizer, se compreende que a teoria socialista da propriedade colectiva deve absolutamente repudiar-se como prejudicial àqueles membros a que se quer socorrer, contrária aos direitos naturais dos indivíduos, como desnaturando as funções do Estado e perturbando a tranquilidade pública. Fique, pois, bem assente que o primeiro fundamento a estabelecer por todos aqueles que querem sinceramente o bem do povo é a inviolabilidade da propriedade particular.”

Pope Leo XIII

Pope Leo XIII - “Mas, além da injustiça do seu sistema...” 1

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“Uma noite fiquei a dormir na tua cama, disse. Entendamo-nos, este homem é oleiro, trabalhador manual portanto, sem finezas de formação intelectual e artística tirando as necessárias ao exercício da sua profissão, de uma idade já mais do que madura, criou-se num tempo em que o mais corrente era terem as pessoas de sofrer, cada uma em si mesma e todas em toda a gente, as expressões do sentimento e as ansiedades do corpo, e se é certo que não seriam muitos os que no seu meio social e cultural poderiam pôr-lhe um pé adiante em matéria de sensibilidade e de inteligência, ouvir dizer assim de supetão, da boca de uma mulher com quem nunca jazera em intimidade, que dormiu, ela, na sua cama dele, por muito energicamente que estivesse a andar em direcção à casa onde o equívoco caso se produziu, por força haveria de suspender o passo, olhar com pasmo a ousada criatura, os homens, confessemo-lo de uma vez, nunca acabarão de entender as mulheres, felizmente que este conseguiu, sem saber bem como, descobrir no meio da sua confusão as palavras exactas que a ocasião pedia, Nunca mais dormirás noutra.”

José Saramago
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“Ele assegurou-lhe de que a amava e pediu em troca aquele coração que talvez soubesse tão bem quanto ela que já lhe pertencia. Pois, embora Henry agora gostasse de verdade de Catherine, embora se deliciasse com todas as qualidades de sua personalidade e de fato adorasse sua companhia, devo confessar que sua afeição tivera origem na mera gratidão ou, em outras palavras, que aquilo que aprofundara seus sentimentos fora a certeza da natureza dos dela. É uma circunstância nova nos romances, reconheço, e terrivelmente aviltante para a dignidade de uma heroína; mas se for tão inédita assim na vida real, então ao menos o mérito de possuir uma imaginação fértil será todo meu.”

Jane Austen
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“...faziam parte da mesma classe social, a dos bem-nascidos, criados em berço de ouro, das viaturas motorizadas, dos lambris e das baixelas. Para lá dos factos e das simpatias, mais alto do que as leis ditadas pelos homens, está esta conivência e esta troca de galhardetes: “Não te metas comigo que eu pagar-te-ei na mesma moeda.” Quem pensar que um dos seus pode ser um assassino, está a admitir que ele próprio o pode ser. É confessar perante toda a gente que aqueles que falam com trejeitos de boca e nos olham do alto, como se fôssemos excrementos de galinha, que têm uma alma torpe como os outros homens, são de facto como todos os homens. E isso talvez seja o fim do mundo, o fim do seu mundo. É portanto insuportável.”

Philippe Claudel
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“Foi então que tudo vacilou. O mar trouxe um sopro espesso e ardente. Pareceu-me que o céu se abria em toda a sua extensão, deixando chover fogo. Todo o meu ser se retesou e crispei a mão sobre o revólver. O gatilho cedeu, toquei o ventre polido da coronha e foi aí, no barulho ao mesmo tempo seco e ensurdecedor, que tudo começou. Sacudi o suor e o sol. Compreendi que destruíra o equilíbrio do dia, o silêncio excepcional de uma praia onde havia sido feliz. Então atirei quatro vezes ainda num corpo inerte em que as balas se enterravam sem que se desse por isso. E era como se desse quatro batidas secas na porta da desgraça.”

Albert Camus
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“(...) pensou na impermanência da vida, na transitoriedade das coisas, na efemeridade do ser; diante dele, a existência fluía como um sopro, sempre em mutação, tudo muda a todo o instante e nada jamais volta a ser o mesmo. Não há finais felizes, reflectiu de si para si. Todos temos um sétimo selo para quebrar, um destino à nossa espera, um apocalipse no fim da linha. Por mais êxitos que somemos, por mais triunfos que alcancemos, por mais conquistas que façamos, para a última estação está-nos sempre reservada uma derrota. Se tivermos sorte e nos esforçarmos por isso, a vida até pode correr bem e ser uma incrível sucessão de momentos felizes, mas no fim, faça-se o que se fizer, tente-se o que se tentar, diga-se o que se disser, aguarda-nos sempre uma derrota, a mais final e absoluta de todas....”

José Rodrigues dos Santos
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