“Já escondi um amor com medo de perdê-lo, já perdi um amor por escondê-lo. Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso. Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos. Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem. Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram. Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir. Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi. Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto. Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir. Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam. Já tive crises de riso quando não podia. Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva. Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse. Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.”
“- Porque é que já não sabe voar, mãe?-Porque já sou crescida, meu amor. Quando as pessoas crescem esquecem-se de como se faz.- Porque é que se esquecem?- Porque já não são alegres, inocentes e cruéis. Só quem for alegre, inocente e cruel é que consegue voar.”
“Vampiros é o que está a dar – diz o editor – vampiros e sexo desenfreado para senhoras que já não fazem sexo, nem desenfreado nem com freio. Não podemos errar se fizermos um livro em que senhoras que já não fazem sexo, fazem sexo desenfreado com vampiros; ou se fizermos um livro sobre senhoras que, sendo vampiras, já não fazem sexo e acabam por fazê-lo de forma desenfreada.”
“Sou todas as pessoas que já fui - esclareceu - e todas as experiências que vivi. Não tenho de fazer opções. Não tenho de renegar uma identidade para poder reclamar outra. Sou quem sou."In "Uma noite de amor”
“Já atingi minha cota de sofrimento, esvaziei gota a gota meu reservatório de lágrimas e desde então respondo aos campos minados por desconforto com um mais que obeso não.”
“É possível também que já então meu tema de vida fosse a irrazoável esperança, e que eu já tivesse iniciado a minha grande obstinação: eu daria tudo que era meu por nada, mas queria que tudo me fosse dado por nada.”
“Sabes o que tens? Medo. Muito medo. Medo de mudar a tradição. Medo de mudar. Medo de entrares numa nova aventura sem saberes se resultará bem ou mal. Medo de dar um passo em falso. Já estás tão habituado que as coisas sejam assim, que te façam a papinha toda, que não consegues lutar. Nem mesmo pela pessoa que amas. Preferes continuar assim e vir a arrepender-te. A maior parte das pessoas são como tu. Já estão tão habituados à vida tal como está, que não fazem nada. Continuam assim, e depois todos perdem. Não és só tu quem perderá.”