“Os pensamentos que zoam no meu crânio são locatários de uma noite, meia dúzia de pares sem casa num ninho de amor passageiro, o fragor do guindaste da draga virá igualizar tudo, os momentos de deliciosa angústia do meu coração são roubados à sociedade de armadores que me emprega”
“Trago dentro do meu coração,Como num cofre que se não pode fechar de cheio,Todos os lugares onde estive,Todos os portos a que cheguei,Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,Ou de tombadilhos, sonhando,E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.”
“Parem todos os relógios, desliguem o telefone,Evitem o latido do cachorro com seu osso suculento,Silenciem os pianos e com tambores lentosTragam o caixão, deixem que o luto chore.Deixem que os aviões voem em círculos altosRiscando no céu a mensagem: Ele Está Morto,Ponham gravatas beges no pescoço dos pombos brancos do chão,Deixem que os guardas de trânsito usem luvas pretas de algodão.Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste,Minha semana útil e meu domingo inerte,Meu meio-dia, minha meia-noite, minha canção, minha fala,Achei que o amor fosse para sempre: Eu estava errado.As estrelas não são necessárias: retirem cada uma delas;Empacotem a lua e façam o sol desmanchar;Esvaziem o oceano e varram as florestas;Pois nada no momento pode algum bem causar.”
“Ora, os sonhos são imagens. Melhor ainda, de uma maneira mais precisa, os sonhos são ao mesmo tempo os pais e senhores das imagens. Sou um homem que as imagens atacam. Faço imagens que saem da noite.”
“[...] experimentaram o que era estar num purgatório, uma longa espera inerme, uma espera cuja coluna vertebral era o desamparo, coisa muito latino-americana, aliás, uma sensação familiar, uma coisa que se você pensasse bem experimentava todos os dias, mas sem angústia, sem a sombra da morte sobrevoando o bairro como um bando de urubus e espessando tudo, subvertendo a rotina de tudo, pondo todas as coisas de pernas para o ar.”
“Os amigos são melhores do que nós a ser o melhor de nós”