“Aproximou-se certo dia de uma fonte clara como prata e não contaminada pelo gado, pelo pássaros, pelas feras nem pelos ramos caídos das arvores próximas. Narciso, sentando-se, exausto, na margem daquela fonte, logo se enamorou de sua própria imagem. Primeiro tentou abraçar e beijar o belo jovem que tinha diante de si; depois, reconheceu a si mesmo e permaneceu horas fixando o espelho da água da fonte como se encantado. O amor lhe era, ao mesmo tempo, concedido e negado; ele se consumia de dor e, ao mesmo tempo, gozava de seu tormento sabendo que, ao menos, não trairia a si próprio, acontecesse o que acontecesse.”