“[...] ele agora olhava para as pessoas com segurança e com uma expressão que só podia ser descrita como condescendente, como se ele circulasse em esferas de esclarecimento a que os outros não tinham acesso, infelizmente.”
“Alguém perguntou: 'você acha que ela é inteligente?'. Isso me pareceu uma pergunta ultrajante; sério, importa para alguém se ela é inteligente ou não? Sem dúvida basta que um rosto assim exista, embora a própria Garbo possa ter chegado ao ponto de lamentar a trágica responsabilidade de possuí-lo. Não tem graça nenhuma seu desejo de ficar sozinha; claro que deseja isso. Imagino que seja o único momento em que ela não se sente só: se a pessoa percorre um caminho singular, guarda sempre uma certa melancolia, mas não se lamenta em público.”
“Quando mudamos de marca de cigarro, nos mudamos para um novo bairro, assinamos um novo jornal, nos apaixonamos e desapaixonamos, estamos a protestar, de modos ao mesmo tempo frívolos e profundos, contra a maçada que nunca se dissolve da vida de todos os dias. Infelizmente, um espelho é tão traiçoeiro quanto outro, e a dado momento reflecte em cada aventura o mesmo rosto insatisfeito, então ela pergunta que raio fiz eu?, na verdade quer dizer o que é que é que eu estou a fazer?, que é o que habitualmente se diz.”
“Em Londres, um jovem artista me disse: 'Como deve ser maravilhoso para um norte-americano viajar para a Europa pela primeira vez; vocês não fazem parte disso, portanto nada sentem da dor, jamais terão de suportá-la. Para vocês, na Europa, só existe a beleza'.”
“Estar na Europa era assim. Uma ponte para a infância, que conduzia ao outro lado do oceano, através de florestas, até as paisagens primordiais da minha imaginação. De um jeito ou de outro, eu havia ido a muitos lugares, do México ao Maine - e pensar que tive de ir até a Europa para poder voltar a minha cidade natal, minha lareira, meu quarto onde histórias e lendas pareciam sempre extrapolar os limites municipais. Ali moravam as lendas: na lira, no castelo, no farfalhar das asas dos cisnes.”
“Will combatia impiedosamente, metodicamente, golpeando os homens à volta dele com o único objectivo de os derrubar antes que eles o matassem. Eles já não eram homens. Na sua visão, eles eram alvos que tinham de ser destruídos. O instinto tinha dominado o intelecto e o remorso tinha-se desvanecido por necessidade. Agora, ele era uma máquina alimentada por uma necessidade de sobreviver, pelo medo e pela adrenalina. Rugia enquanto os golpeava com a espada, o gume da lâmina a atravessar qualquer área de carne exposta que atingia”
“Com outra - diz ele - se sentiria como essas pessoas com diploma em física nuclear ou engenharia eletrônica que acabam trabalhando de garçom.”