“Onde, não os teus olhos, mas o teu olhar?”
“Eu nem pratico monogamia mas você me polarizou, agora os meus olhos só enxergam o teu halo de luz.”
“Me deixe esbarrar cegamente no que existe, me deixo provar na pele o sabor do que existe e quando eu encontrar o teu abrirei os olhos já não mais para ver mas sim para contemplar.”
“Renova-te.Renasce em ti mesmo.Multiplica os teus olhos, para verem mais.Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.Destrói os olhos que tiverem visto.Cria outros, para as visões novas.Destrói os braços que tiverem semeado,Para se esquecerem de colher.Sê sempre o mesmo.Sempre outro. Mas sempre alto.Sempre longe.E dentro de tudo.”
“Pedro, Pedro, é do teu silêncio que eu preciso agora, levante as viseiras, passeie os olhos, solte-lhes as rédeas, mas contenha a força e o recato da família, e o ímpeto áspero da tua língua, pois só no teu silêncio úmido, só nesse concerto esquivo é que reconstituo, por isso molhe os lábios, molhe a boca, molhe os teus dentes cariados, e a sonda que desce para o estômago, encha essa bolsa de couro apertada pelo teu cinto, deixe que o vinho vaze pelos teus poros, só assim é que se cultua o obsceno”
“As coisas feias são tão próprias do mundo como as bonitas. Tu és muito nova, menina, e, no colégio, não fazem outra coisa senão tapar-te os olhos- o que é um engano, menina. Conhecer o mal é já uma defesa. Onde não há inocência, pode haver pecado; mas onde não há sabedoria, há sempre desgraça.”